Viuvez no último estágio
O tempo passou e ela não usou
aquele vestido de renda decotado
Dizia ela ser muito respeito ao sujeito
que sempre viveu ao seu lado!
Nunca foi de usar tranças, franjas,
de se perfumar com fragrâncias
muito menos batom vermelho
Nunca teve o menor hábito de se olhar
repetidamente no espelho!
Usava rasteirinhas, ficava desajeitada e
desequilibrada usando tamancos
Nunca teve a ousadia de pintar os seus
cabelos longos e brancos!
Quando saía de casa usava sempre
no pescoço um lindo rosário
Ou então uma relíquia da Santíssima
Cruz, um misterioso relicário!
Não fazia se quer uma crítica, não se
metia em religião ou política
Pelo sistema diminuída, talvez por ser
mulher a ela injustamente atribuída!
Hoje em uma fase de total isolamento
Sente raiva do esquecimento
Tenta barganhar pelo menos um pouco
de consideração!
Para não terminar seus últimos dias
deprimida e sem argumentos
Como conforto tenta enveredar pelos
caminhos da aceitação!
Edbento
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Uma bela dissertação, o seu poema, sobre a solidão que a pessoa se coloca após um infortúnio, querendo, quem sabe prestar uma derradeira homenagem! Parabéns, poeta!
Enoque Gabriel Moraes | 04/04/2024 ás 12:47 Responder Comentários