Vini Júnior: O Racismo e a Insistência da Europa em Apagar Brilhos que Não Pode Controlar
Pensamentos | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 29 de Outubro de 2024 ás 18h 26min
A exclusão de Vini Júnior da premiação da Bola de Ouro deste ano revela um problema que transcende o esporte e toca as raízes mais profundas de uma sociedade marcada pela colonização e pela herança racista que a Europa, até hoje, recusa-se a enfrentar com justiça. No futebol, onde a celebração do mérito e do talento deveria ser o critério absoluto, a ausência de Vini na cerimônia expõe as persistentes sombras do racismo estrutural.
Em campo, Vini Júnior não era apenas um candidato entre outros; ele era o jogador mais merecedor deste prêmio, uma vez que seu desempenho foi absolutamente superior. De fato, ele merecia o troféu, e o fato de que não o tenha recebido denuncia algo muito além do simples descaso: mostra uma Europa que continua a normalizar e perpetuar um "cancro" que deveria ser combatido, e não alimentado.
Vini Júnior enfrentou, repetidas vezes, ataques racistas, tanto nos estádios quanto nas redes sociais, deixando claro que, para muitos, o sucesso de um jovem negro e brasileiro incomoda. Sua autenticidade, sua origem e seu poder de transformar partidas decisivas fizeram dele não apenas um atleta, mas uma figura emblemática. No entanto, o racismo que o atinge não é um fenômeno isolado; ele reflete uma Europa que, ao longo da história, não se redimiu dos males causados pela colonização, e que, mesmo hoje, ainda encontra formas de invisibilizar aqueles que ousam sobressair fora dos padrões que ela mesma estabelece.
A ausência de Vini Júnior e do Real Madrid na cerimônia da Bola de Ouro representa um ato de resistência e um grito silencioso contra a cumplicidade do futebol internacional com essas dinâmicas de opressão. Ao não aplaudir o melhor jogador da temporada, a Europa reafirma uma estrutura que normaliza o preconceito e o discrimina de forma sutil, como se o brilhantismo de Vini fosse algo que não devesse ser celebrado por sua excelência. Esse desprezo é um reflexo de um sistema que, ao invés de abrir espaço para a igualdade, insiste em preservar feridas que deveriam, há muito, ter sido curadas.
Para Vini Júnior e para todos os que acompanham sua jornada, sua luta não é apenas por títulos ou troféus, mas por algo muito mais grandioso: a igualdade de oportunidades e o respeito à dignidade humana. Sua ausência na premiação e o desprezo por seu mérito são tristes recordatórios de que o futebol – e a sociedade europeia – ainda têm um longo caminho a percorrer para derrubar as barreiras que, insidiosamente, perpetuam um racismo que jamais deveria ter lugar em nossos dias.