Vidraça

Poemas | Romeu Donatti
Publicado em 11 de Junho de 2024 ás 19h 59min

Diante da vidraça permaneço imóvel.

A vista embaçada congela o pensamento.

Meus devaneios alcançam o céu.

Paira uma melancolia sob o firmamento.

 

Não soube decifrar teus claros sinais.

Teus olhos inquisidores soluçavam afoitos por ajuda.

Tua voz muda, teus gestos descoloridos,

teus braços imploravam pelos meus,

ressequidos.

Perdoe-me...

 

O tempo tem sido impiedoso.

Minhas feridas latejam abertas.

O coração estilhaçado, sangra.

 

O reflexo na vidraça,

reflete e rechaça

uma gélida desesperança,

uma dor que não passa.

 

Dilacerado e assombrado,

sigo... É tarde. Já é tarde!

 

Afrouxo o pensamento.

Regurgito meu lamento.

Assovia, na vidraça, o vento.

Sigo... Nublado e cinzento,

absorto no esquecimento.

Livro: O que quero da vida

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