Já no outono de sua vida
O poeta questiona da sua obra um verso:
Por que fugiram as palavras na sua lida?
Por que no curso ele não buscou o inverso ?
A estrofe toda não respondeu a essa demanda...
Calaram-se as palavras com desconfiança
Sabiam que após a tempestade viria a bonança
Mas cadê coragem para tal comanda ?
Argumentou ...Implorou o poeta
Ninguém a ele deu uma resposta
A dor que nele lhe foi imposta
Ceifou seus passos e sua meta .
Pobre infeliz:: de sua obra foi vítima !
Não percebeu que as rimas o traiam
Não quis ler as dores que as afligiam
E nem ouviu o tempo que sempre nos intimida
O poema não lhe deu tempo de espera
Armou dele o leito e se deitou nele
Rodeou -o de temor dentro de uma esfera
Ninguém estendeu sequer a mão a ele
O artista não vislumbrou uma saída ...
Perdido ele ficou dentro da rima
Implorou aos céus uma guarida
Só ouviu um NAO por despedida
E num ímpeto de loucura
O poeta dá sua última cartada:
Com um sorriso ele mostra toda a sua ternura ..
Rasgando, a chorar,a própria obra...agora descartada .