Vazio e Distante
Naquela tarde outonal eu me encontrava tremendamente só
e sentia um vazio candente!
Não tinha para quem olhar e a impressão que tinha era o desprezo!
Todos de mim fugiam, não tinha com quem conversar!
Quantas vezes um olhar faz morrer um quebranto!
Quantas vezes uma palavra amical dissolve a angústia, ou faz brotar a esperança!
E saí!
Saí porque não podia ficar ao “Deus dará”, saí, mesmo sem grandes pretensões
de sanar o mal, ao menos para sufocar a dor ou a ela me acomodar,
assim como todo vivente o faz!
Encontrei um bar e entrei. Era o subconsciente procurando fuga.
A fuga que o homem busca quando sente ameaçadas as estruturas.
Pedi uma cerveja e vi quantos ali se encontravam, talvez no mesmo estado que eu,
mas, com nenhum me identifiquei, a bebida amargava como fel!
Era a cruz pela qual Cristo não passara!
Não aguentava mais e continuei andando!
Acendi um cigarro. quem sabe a fumaça me ajudaria a esquecer,
mas, qual nada, a fumaça irritava meus olhos, e minha boca amargava!
Nada dava certo! Todas as tentativas estavam frustradas!
Parei!
Parei para entender e notei que a tarde estava linda!
Ah! Ao menos uma coisa de belo eu encontrava!
Não estava em coisa forjada pela sofisticação ou eivada pela artificialidade!
Era a natureza!
Mas a natureza é pura e, como tal, se contrastava ao meu estado de espírito,
a minha condição emocional!
Quisera, ao menos, que fosse a mim solidária, mas, ela vive para todos e, desta forma
não se compromete com ninguém! Mas eu queria sua proteção!
Quantas vezes exigimos compreensão de outrem sem nos importarmos
com a condição alheia, sem sequer preocupar-nos com o que representa
a outrem compartilhar o nosso problema!
O sol ardia, mas estava longe!
Minha alma estava vazia e bem longe de mim!
Assim eu me sentia até o crepúsculo da tarde!
Um homem só e errante!
Um peregrino solitário, para quem ainda havia esperança!
Longe!
Bem distante!
Sem sequer lembrança!
Da obra “Meus Sonhos, Meus Poemas”
Editora Ações Literárias, 2021
Comentários
Qtas vezes sinto esse vazio tao triste!!Vou ate um parque e fico olhando p natureza os pássaros querendo q eles. Ne respondessem conversassem comigo...
| 11/08/2022 ás 13:31 Responder ComentáriosLindo poema poeta amigo, às vezes nos perdemos para enfim nos encontrar, seja na natureza ou na mesa de um bar, é amor próprio a aflorar dentro de nós! Parabéns!
Edbento | 11/08/2022 ás 13:37 Responder ComentáriosBelo poema, descreve exatamente o meu atual estado emocional kkk, Parabéns ????????????
Aparecida Ferreira Luis Galdino | 11/08/2022 ás 13:51 Responder ComentáriosBuenas, almas vazias vagam em sentimentos incompreendidos os quais buscam remédio para sua dor… parabéns pelo sentimento ????????????
Jorge Cassepp | 11/08/2022 ás 15:22 Responder ComentáriosA busca incessante de nós mesmos nos remete muitas vezes a um vazio… abismo, calabouço seja o nome que se dá até o momento de a dentro de si algo aflorar e tudo volta a brilhar muito incessante essa história pela busca
Marlete | 11/08/2022 ás 16:16 Responder ComentáriosA incompletude humana muito bem explicitada em seus versos! É essa busca que nos impulsiona a grandes realizações! Sucesso!
Fátima Cordelista | 11/08/2022 ás 17:57 Responder ComentáriosBelo poema. A incessante busca e a rotina nos leva muitas vezes a instabilidade emocional.
Lia Reis | 11/08/2022 ás 22:14 Responder ComentáriosEita quanto vazio... quanta solidão... Momentos inquietantes de uma alma em busca do nada, a procura do tudo. Quantas vezes estamos assim...Ainda bem que sempre tem um novo amanhecer, um recomeço, uma nova esperança. Parabéns amigo poeta. Amo a paixão com que escreve.
Iziz | 12/08/2022 ás 09:09 Responder ComentáriosPerdi a conta de quantas foram as vezes que tbm me senti assim tal qual esse eu-lírico: peregrina, errante, solitária, vazia. Buscava, mas nem eu sabia o quê? Porém, para nossa tranquilidade, sempre há uma saída, sempre há um novo horizonte, sempre há esperança. Belíssimo poema, colega!
Isolti Marli Cossetin | 12/08/2022 ás 16:29 Responder ComentáriosNada melhor que o olhar do poeta para descrever o "andar a esmo" na busca de ser parte do cosmo...
Maria da Conceição Mainart da Silva | 15/08/2022 ás 18:46 Responder Comentários