Nestes vinte e sete anos de experiência em sala de aula muitos fatos ocorreram, muitas histórias que lembramos e relembramos.

Hoje, tentando escolher uma para narrar, lembrei-me de uma jovem muito simpática e extrovertida. Vou chamá-la de Marta.

Marta era uma jovem de 16 anos, frágil, meiga e de fácil conversação. Linda. Matriculada no Ensino Médio, período noturno, iniciara sua carreira profissional.  Chegava cansada, faltava muito, não fazia as atividades propostas, não desenvolvia leituras solicitadas, dormia em sala de aula quando comparecia.

Numa determinada noite, resolvi chamá-la para conversarmos. Marta relatou-me das dificuldades que estava enfrentando: morando longe da escola; chegava em casa perto das 24h e às 6h do dia seguinte precisava estar se encaminhando à cidade, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Sentia-se muito cansada, e pensava em parar com os estudos, precisava ajudar nas despesas de casa.

Começamos a chamá-la nos intervalos para uma conversa mais íntima, a fim de auxiliá-la nas tarefas.  Muitas vezes Marta chorava de frio, fome e esgotamento mental.

Mas Marta ia avançando aos poucos e sempre com nosso apoio. 

Três longos anos de muita luta, lágrimas, abraços e Marta formou-se no Ensino Médio.

Mudou-se para a cidade, conseguiu um emprego melhor, resolveu estudar Administração. Nova formatura e muitos aplausos! Menção honrosa!! Mereceu!

Hoje atua na área administrativa de uma grande empresa em uma cidade interiorana.