UM SEGUNDO, UMA DECISÃO.
Frio e úmido o dia
Chove lágrimas finas,
Choram as rosas em gotas suaves
Como se todas as forças da natureza se unissem
Contra o suave pulsar de um coração
Aquecida pelas chamas que crepitam na lareira
Espalhando cheiro doce de madeira queimada
A solidão, uma escolha, traz consigo a paz de momento,
O silêncio embalado pelo som do violino
Traduz o instante de um sonho fugaz
A calma escorre no sangue devagar
Contagiando recordações reproduzidas no profundo suspirar.
Todo o Universo pousa um segundo
Murmurando baixinho, baixinho:
É hora de descansar.
Fecho os olhos um pouquinho
Ouvindo asas de anjos ao meu redor a cuidar
Embalada no sussurro do vento no vitral a acompanhar.
Este segundo de vida tem um doce sabor
Baco sorve-o no vinho,
Eu no veneno adocicado que transforma o fel em mel
Mas um esparso segundo e posso tocar o céu.
Transformando tudo em lembranças
Que retornarão somente
Quando meu nome alguém se lembrar de avocar.
Obs.: Este poema faz parte do livro Iziz de Andrade e seus Convidados.