Um mágico reencontro

Prosa Poética | 2025 - NOVEMBRO - Caminhos da saudade: reflexões e encontros | Romeu Donatti
Publicado em 14 de Abril de 2025 ás 22h 07min

Eu me encontrei numa esquina do tempo: o menino de olhos de sonhos e o homem de livros nas mãos e histórias no coração. 

Ele me olhou com a inocência de quem ainda acredita no mundo, e eu lhe sorri com a calma de quem aprendeu a caminhar mesmo sob tempestades. 

 "Você se lembra de mim?" — perguntou sua voz suave, ecoando memórias de cadernos rabiscados e páginas em branco esperando por palavras. 

"Lembro", respondi, "lembro do seu medo de nunca ser suficiente, da sua insegurança, da sua vulnerabilidade, mas também me lembro claramente da sua coragem de tentar, apesar de tantas inquietações." 

Ele riu, aliviado, e eu senti no peito o peso doce de ter vencido sem nunca ter deixado de sonhar, de ser criança.

"Você escreveu os livros que prometeu?" — seus olhos brilhavam como estrelas reluzentes. 

"Escrevi, mas as melhores histórias ainda são as que vivi, não as que contei." 

Entre nós, fluía um rio de silêncios compreendidos, perdões guardados e alegrias repartidas. 

Eu era sua razão; ele, minha sensibilidade. Juntos, éramos a melodia harmoniosa perpetrada pela ação indelével do tempo. 

"Você está feliz?" — sua pergunta veio graciosa, mas a resposta ecoou em mim como uma verdade sagrada e tempestiva.

"Estou. Porque ser professor serviu para ensinar a mim mesmo e escrever foi permitir que a vida me lesse." 

Nos despedimos sem saudade, porque eu era ele, e ele era eu — e seguimos juntos, de mãos dadas, um só, na estrada sem fim do viver.

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