Abro os olhos. O lugar é escuro. Leva alguns segundos até que meus olhos finalmente se adaptem e eu consiga ver as silhuetas que perfazem a atmosfera gélida daquele ambiente. Aguço minha visão. Observo os primeiros contornos de uma arquitetura um tanto específica, à julgar pela semelhança, meu primeiro palpite foi que aquele lugar tratava-se de uma prisão antiga. O ar, extremamente rarefeito, tornava o ato de respirar uma tarefa terrivelmente árdua. Meio aturdido pela escuridão e pelo medo, decido examinar os corredores daquele recinto e sigo explorando a textura das paredes através do tato.Tamanho silêncio, presente naquele lugar, fazia com que meus passos emitissem um barulho completamente ensurdecedor, que reverberava por todos os órgãos do meu corpo em uma frequência cataclistica. A cada passo, meu corpo era possuído por um mal estar completamente diferente do habitual, uma impressão de que tudo de bom que havia em mim estava sendo tomado e meu corpo seguia se deteriorando em uma velocidade veemente. Por Deus, o que pairava sobre minha mente naquele instante era apenas uma melancolia penetrante, a sensação de que não havia absolutamente ninguém em um raio de milhões de quilômetros dali. Ou pior, nunca houvera. Em completo desespero, minhas pernas acabam cedendo e caio sobre o chão gelado. Mal consigo me mexer. Tomado pela insanidade, perfaço meu último esforço desajeitado, onde tiro minha camisa, suspiro fundo e me ponho a gritar. O mais alto que posso, o mais forte que consigo. Até que não houve ar algum em meus pulmões, sobrando apenas o estridente barulho da minha traqueia se comprimindo. Abro os olhos.