Em pleno mês de agosto, naquele que seria a época dos ventos. Poeiras, fogo, seca calor. Tudo de maneira cíclica. Mas, aquela tarde era diferente. Quando Antônio olhou as copas das árvores, não se via movimento, o vento parecia não existir. O tempo parou! Pensou ele, afinal esse era o seu desejo.

_ Não tem vento! A pipa não voa. _ Ao longe ouvira aquela afirmação. Eram crianças que brincavam chamando a sua atenção, mas não o suficiente para tirá-lo de seus devaneios.

_ Já descansou o suficiente? _ Dizia alguém ao seu lado.

Naquele instante Antônio se esforçara para dar atenção. E, reconhecendo que se tratara de uma antiga amiga. Esta fazia caminhada e caminhando continuou. Ele que ficava sentado olhando, ou melhor procurando o vento, a viu de relance passando e se distanciando mais e mais.

A vida é assim, em instante tudo muda, tudo se movimenta. Porém, hoje o vento se recusa a agir.

Que mensagem o vento transmite para aqueles que cansam? Essa era uma das inúmeras respostas que ele vislumbrava naquela tarde. Não que a vida era insuportável, era apenas a sua vida. Muitas vezes desconectadas, carregadas de incertezas sobre si, e, sobre o mundo. Um homem comum com uma vida comum. Um em bilhões era assim que ele sentia, era isso que ele era.

_ Uma flor de ipê caiu. _ Expressou sem notar que ninguém o ouvia. Ninguém o notara. Não que isso fosse novo. Mas era o sinal que precisava. E acrescentou.

_ Nada para o tempo, mesmo que se deseje.

Nesse instante notou que as crianças estavam com as pipas no alto, apesar de não parecer ter vento. Elas corriam, quanto menos vento maior era a corrida. E, quando as pipas estavam no alto não precisava mais da corrida.

Naquele momento, ele parou de refletir e simplesmente começou a correr.