Um amor vivido ou não vivido

Um dia

Uma voz

Um lugar

Um tempo

Após ouvir uma voz na igreja, que me tocava, decidi procurar por ele no Orkut, e tive uma grata surpresa, ele era poeta.

Adicionei, e pedi para que eu pudesse usar uma das suas poesias no meu Orkut. Ele na sua delicadeza disse que sim. Tendo essa abertura não perdi tempo, mandei um e-mail finalizando com o meu desespero. ‘Se um dia der uma súbita loucura me ligue vamos conversar...’indicando os meus telefones.

            Quando eu menos esperava o telefone tocou e conversamos por muito tempo naquela noite, nos dias seguintes e nos anos seguintes.

            Amei como se ama quando jovem...

            Amei ardentemente...

            Amei suavemente...

            Amei calmamente...

            Até que um dia ouvi dele. “Entre nós há uma avenida”

            Fim de jogo, sem chance.

Eu uma mulher casada na igreja com dois filhos, condenada a viver atrelada a um homem que nem eu mesma escolhi.

Eu apenas uma mulher querendo ser amada.

Ele querendo um amor, que não era eu.

Segui com a amizade.

Sofri com o comunicado do casamento dele. Mas como se minha condenação fosse pouca, ainda me pediu para que eu fizesse o bolo do seu casamento.

Fiz o melhor bolo, mas ele foi regado com muitas lágrimas, sei que depois daquele sim, o amor estaria mais longe do que um dia poderia ser real.

Era tão dolorido estar ali, mas ainda assim eu estava, precisava viver aquele momento de dor para mim, mas que era de felicidade para ele. Vê-lo feliz é sempre muito bom.

No momento do sim, me veio as lembranças dos bolos compartilhados na cozinha da minha casa e na dele também, dos momentos com as crianças no zoológico e no Girafas.

Das gargalhadas e das chatices.

Fim! Casou! Não quis um amor tranquilo, ainda que com muitas pessoas ao redor que eu oferecia.

Não quis minha companhia, e por vezes me perguntei e pergunto até hoje.

Seria porque eu sou gorda?

Seria porque tenho filhos?

Seria porque eu não poderia casar na igreja?

Até que por fim descobri que por mim não teve amor, teve amizade, carinho e respeito, mas não amor. E tudo bem!

Penso também na minha imensa covardia, poderia ter me declarado, mas ao mesmo tempo penso, que ainda assim de nada valeria, pois eu não tinha chegado no seu coração.

Choro quando escrevo sobre isso por pensar que poderia ter vivido um amor, mas também penso, que vivi um amor, ainda que sozinha, mas vivi.

Hoje guardo:

Os poemas,

As fotos,

As risadas e o tempo.