TRIBUTO A MEU PAI (publicado na obra Astros e Estrelas da Poesia Contemporânea, 2020 - Ações Literárias Editora)
Cordel | Josivaldo Constantino dos SantosPublicado em 13 de Agosto de 2022 ás 09h 20min
TRIBUTO A MEU PAI
Da morte ninguém escapa
Quando ela vem alguém vai
E na hora que ela chega
Junto com ela alguém sai
Essa dor sempre se eleva
Quando esse alguém que ela leva
É o seu querido pai.
Eu sei que é inevitável
Não adianta reclamar
Não nascemos pra semente
Aqui não vamos ficar
Mas, porque o meu paizinho?
Não tinha outro velhinho
Pra dona morte levar?
Dona morte me responda
Você não tem compaixão?
Deixar uma família triste
Na maior desolação?
Esposa, filhos e netos
Ficaram todos inquietos
Por essa separação.
Você chegou de surpresa
Nem sequer se apresentou
Foi chegando de repente
Todo mundo se assustou
Entrou sem pedir licença
Ninguém viu sua presença
E meu querido pai levou.
A vida também separa
Põe cada um num lugar
Minha mãe mora em Prudente
Em Sinop vim morar
E meu pai “cabra da peste”
Foi pra Sergipe, nordeste
Cidade de Propriá.
Mas, mesmo morando longe
Uns pra lá, outros pra cá
A gente sempre se fala
E aos outros vai visitar
E apesar da distância
Vivemos na esperança
De sempre se encontrar.
Eu sei que fui um bom filho
E meu pai eu sempre honrei
E no baú da memória
Com cuidado eu vasculhei
Com meu pai, desde criança
Para guardar na lembrança
Só o que foi bom eu peguei.
Lidar com a morte não é fácil
A nossa força se esvai
E sempre que estou só
Da minha mente não sai
As recordações vividas
Bons momentos de minha vida
Que passei junto a meu pai.
Meu pai era muito duro
Agia com opressão
Seu carinho era tapa
O diálogo, cinturão
Nenhum beijo nem abraço
Nos tratava só no laço
Rigorosa criação.
Sua infância foi difícil
Cedo de casa saiu
Ainda na adolescência
Da família se despediu
Para escapar de seu pai
Que era carrasco demais
Com treze anos sumiu.
Por isso tratava os filhos
Com tamanha rigidez
Nós não tínhamos liberdade
Isso, muita falta fez
Agora com sua morte
Não quero que isso importe
Queria tê-lo outra vez!
Quem não recebeu carinho
Que carinho podia dar?
Ele tinha um jeito bruto
De se fazer respeitar
Porém, tudo o que fazia
Compreendo hoje em dia
Era seu jeito de amar.
Segundo domingo de agosto
Não tenho pra quem ligar
Todo ano nesta data
Ligava para lhe dar
Um Feliz dia dos pais
E ele sem jeito, demais
Para mim ia falar:
“ Pra você também meu filho!
Que Deus lhe faça feliz”
Nunca mais eu vou ouvir
Sua voz que isso me diz
Do outro lado da linha
Ouvir sua voz rouquinha
É tudo que eu sempre quis.
Mesmo triste neste dia
Eu não posso me entregar
Pois as minhas quatro filhas
Bem felizes vem me dar
Um feliz dia dos pais
E isso é bom demais
E vamos comemorar.
Se eu pudesse escolher
Um presente pra ganhar
E se eu tivesse certeza
Que Deus iria me dar
QUERIA MEU PAI DE VOLTA
Outro presente não importa
Contente eu ia ficar.
(Poema escrito no primeiro dia dos pais sem meu pai que se foi em 27/06/2014).
Comentários
Lindo Emoção e até choro por aqui. Meu pai vive e bem, mas o sogro esta junto do Pai Celestial. Gratidão amigo e papai Josivaldo! Parabéns
Ivone Cella da Silva | 13/08/2022 ás 10:06 Responder ComentáriosTanta dor em poesia...
Cristinne Leus Tomé | 13/08/2022 ás 10:25 Responder ComentáriosEsse é um de meus poemas que me emociona muito tbm. O escrevi em prantos um ano após o falecimento de meu pai. Hoje me emociono da mesma forma. Feliz dia dos pais a todos os papais que passarem .por aqui.
Josivaldo Constantino dos Santos | 13/08/2022 ás 10:33 Responder ComentáriosLinda homenagem, Josi! Que lá do céu teu pai continue te abençoando e inspirando os teus dias! Abcs
| 13/08/2022 ás 11:04 Responder ComentáriosExcelente, lindo e emocionante. Parabéns poeta.
SEVERINO JOSÉ DA SILVA | 13/08/2022 ás 11:19 Responder ComentáriosParabéns Josivaldo, muito bom mesmo seu poema.
Antonio Ferreira da Silva | 13/08/2022 ás 11:52 Responder ComentáriosPrimeira poeta! Associações pelos meandros poéticos, filosóficos e literários! Um abraço!
Poeta Neto Ferreira | 13/08/2022 ás 11:54 Responder ComentáriosMe deu saudades de meu pai, que mora junto ao seu no céu. Lindo poema. Me lembro do seu paizinho com carinho. Abraço.
Raul Marques | 13/08/2022 ás 11:55 Responder ComentáriosGratidão....Profundo e Reflexivo..... Meu segundo domingo de maio sem ter pra quem ligar....
SIRLEI GRIBLER | 13/08/2022 ás 13:12 Responder ComentáriosÉ muito difícil exigir carinho de quem nunca teve. Não sabem o que é isso! Cabe a nós que vivemos em plena evolução, inclusive de sentimentos, depurar, perdoar, respeitar e honrar sua memória que, apesar de rude era rica em saber! Parabéns pela beleza de homenagem, amigo poeta!
Enoque Gabriel | 13/08/2022 ás 13:17 Responder ComentáriosQue profunda e linda homenagem, Parabéns professor palmas e mais palmas!
Edbento | 13/08/2022 ás 14:01 Responder ComentáriosConsegues dizer, Poeta, o que vai bem fundo em quem, como nós, ja nào tem pai pra abraçar. Quanta dor!
Silvio Antônio Bedin | 13/08/2022 ás 14:16 Responder ComentáriosParabéns pela linda homenagem ao teu pai e que nos faz lembrar do nosso estilo de criação que tivemos e nos fez essas pessoas que contribuem da melhor forma para nossa sociedade meu irmão. Linda poesia e muito sincera Baianinho! Sucessos e grande abraço!
Elvécio Marques Borges | 13/08/2022 ás 20:52 Responder ComentáriosNo ano que vim para Sinop, meu pai se foi. Guardo as lembranças, com muita saudade, pois foi um pai muito amoroso. Parabéns pela homenagem que fez ao seu pai.
Edneuza Alves Trugillo | 14/08/2022 ás 08:35 Responder ComentáriosUm cordel que representa a história de muitos pais e filhos deste Brasil. Parabéns, poeta!!!
Neiva Guarienti Pagno | 14/08/2022 ás 10:44 Responder Comentários