TRIBUTO À LAMPIÃO

Cordel | Maria de Fátima da Silva Duarte
Publicado em 29 de Agosto de 2023 ás 17h 12min

TRIBUTO À LAMPIÃO

I

Um nordestino valente

Nascido em Serra Talhada

Estado de Pernambuco

Terra boa abençoada

Onde um homem destemido

Teve sua vida marcada

II

Virgulino era seu nome

Que em batismo recebeu

Até dezenove anos

Quando seu pai faleceu

Ali traçou sua sina

E o modo como viveu

III

Numa disputa por terras

Seu pai foi assassinado

Por um tenente fascínora

Que nem o nome é falado

E por este Virgulino

Sempre teve desagrado

 

IV

Achavam que Virgulino

Fosse um cara analfabeto

Mas ele sabia ler

Fazia o nome completo

Estudou por pouco tempo

Mas era um rapaz esperto

 

V

Trabalhava com o pai

Vendendo mercadoria

Carregadas em animais

Nas vilas e feitorias

Conheceu muitos lugares

Que no futuro andaria

 

VI

Após a morte do pai

Viu a família perdida

Sua mãe desesperada

Com a vida destruída

Virgulino revoltado

Foi buscar uma saída

VII

Virgulino entrou num grupo

De cangaceiro afamado

Só pensava em vingança

Começou sua jornada

Atirava pra matar

Não tinha bala errada

 

 

 

VIII

Daí surgiu a alcunha

O chamaram Lampião

De tanto tiro que dava

Com nessa repetição

Seu fuzil avermelhava

Igual brasa no fogão

 

 

IX

Chegavam num povoado

Saqueavam um armazém

Comiam o que podiam

Levavam um pouco também

E o que sobrava do roubo

Doavam para alguém

X

Conhecia muita gente

Nas paragens onde andou

Quando com o pai viajava

Fez amigos e namorou

Tornou-se um cangaceiro

Que aos pobres ajudou

XI

Como ele sabia ler

Comprava logo um jornal

Para saber das notícias

Que vinham da capital

Sabia sobre a polícia

Era seu maior rival

XII

Assim seu bando saía

No meio da caatinga

Se escondiam de dia

Temendo uma chacina

Andavam muito à noite

Se abrigando na restinga

 

XIII

Um grupo de homens armados

Se chamava cangaceiros

Já um grupo de soldados

Eram quase justiceiros

Se chamavam de “volante”

E davam tiros certeiros

XIV

A história se divide

Ao falar de Lampião

Para uns era um bandido

Pra outros a salvação

Assaltavam pra comer

E faziam doação

 

 

 

 

XV

Não tinham onde guardar nada

E nem casa pra morar

Só possuíam a vida

E o que pudessem levar

No corpo e nos bornais

Para a fome aliviar

XVI

Então Maria Bonita

Pelo marido humilhada

Sofria muitos maltratos

Mulher nova, apaixonada

Ao conhecer Lampião

Fugiu com ele agarrada

 

 

XVII

Viveram juntos por anos

Uma vida aventurada

Sem ter um destino certo

Nem um local de morada

Na Fazenda dos Angicos

Sofreram uma emboscada

 

XVIII

Até hoje não se sabe

Quem foi que denunciou

A volante de surpresa

O bando todo cercou

Mataram ali Lampião

Depois o decapitou

 

XIX

Eram onze cangaceiros

E todos decapitados

Até Maria Bonita

Teve o pescoço cortado

Levaram as onze cabeças

Para expor ao Estado

XX

Conto esse caso e repito

Porque conheço a história

Quem escolhe o mal caminho

Acaba virando escória

Pra polícia vão as honras

Só eles contam vitória

 

XXI

Gosto de escrever versos

Sou a Fátima Cordelista

Hoje estou apresentando

Um personagem ativista

Agradeço a atenção

Gratidão pela visita!!!

 

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Comentários

Difícil dizer quem redigiu este poema! Foi a Fátima cordelista ou foi Maria bonita? Muito bem elaborado! Parabéns!

Enoque Gabriel | 30/08/2023 ás 19:23 Responder Comentários

Parabéns Fátima! Belo seu trabalho!!

Liliane | 01/09/2023 ás 09:18 Responder Comentários
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