TEXTO SEM ALMA
Cordel | Josivaldo Constantino dos SantosPublicado em 13 de Outubro de 2024 ás 19h 30min
TEXTO SEM ALMA
Eu li um texto sem alma
De um estudante, de mestrado
O texto citava autores
Tudo bem concatenado
Uma técnica genial
Porém, o texto, afinal
Era frio, bem gelado.
O texto tinha um começo
Tinha um meio e tinha um fim
Mas, um contexto mecânico
Humanamente ruim
Quanto mais o texto eu lia
Vi que ele não convencia
Nem ao autor, nem a mim.
O tema era excelente
Referências geniais
Mas, um contexto sisudo
Tudo certinho demais
Abordagens bem diretas
Argumentos em linhas retas
Muito artificiais.
Para um leigo leitor
Um texto, sensacional
Tudo bem argumentado
Da vírgula ao ponto final
Porém, não se percebia
Aquela áspera autoria
Quem escreveu, afinal?
Texto pedra, pedra texto
Sem sangue, sem pulsação
Cheio de cientificismo
Sem vida, sem emoção
Científico, não bonito
De um teor esquisito
Feito sem o coração.
Conhecendo a pessoa
No texto, não a encontrei
Não senti sua presença
No contexto, não a achei
ao terminar a leitura
Da científica escritura
Juro que desanimei.
O texto já nasceu morto
Faltava a respiração
Faltava o entusiasmo
Que provém do coração
Era um texto sem amor
Faltava o tom do autor
Em cada argumentação.
Sem voz, estava o autor
Em um silêncio mortal
Ele não estava no texto
Não era ator principal
Pois, foi uma inteligência
Quem escreveu, sem decência
Chamada, Artificial.