Terra de Infância
Contos | Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas. | Silvia Dos Santos AlvesPublicado em 12 de Maio de 2025 ás 22h 03min
O sol dourava as manhãs como se desenhasse lembranças no céu. A terra, quente e fértil, acolhia nossas mãos calejadas pelo trabalho e pelo sonho. Plantávamos arroz com esperança e colhíamos feijão ao ritmo da nossa própria dança, celebrando cada grão como se fosse um tesouro.
O milho crescia alto, desafiando o céu, e o amendoim escondia segredos que só eram revelados àqueles que tinham paciência para ouvi-los. Cada colheita não era apenas um fruto do trabalho árduo, mas um testemunho da vida simples que nos preenchia.
Eu corria pelos campos, sentindo o vento bagunçar meu cabelo, rindo sem motivo, porque felicidade era apenas estar ali. A terra abraçava meus pés e o céu parecia nos vigiar, cúmplice de nossa infância descomplicada.
O tempo passou, mudou tudo ao redor, mas não apagou essa terra que mora dentro de mim. É um chão que nunca deixarei de pisar, onde os dias eram duros, mas os corações eram cheios. E é lá que minha história continua, firme como as raízes que um dia plantei.
Livro: FRAGMENTOS DO PASSADO