Tenho sonhos.
mas eles estão ofuscados
por algo que desconheço.
Tento me soltar das amarras
mas elas são fortes e me jogam de lado.
Estou do lado errado
quero acertar, me ajeitar
mas há sempre algo
mais forte do que eu algo que me capta
e corta meus instintos mais febris.
Sou impotente diante
das constantes obrigações.
Obrigo-me a ser eu: não sou.
O mundo cobra, o mundo brada
e eu aqui, num canto escuro
escondido e acuado como
um cão desprezado e abandonado.
Estou desacreditando,
estou desvivendo
estou mumificado diante
das correntezas do rio da vida.
Sou um barquinho levado pelas
ondas, ou uma estátua numa ponte
qualquer.