O céu cinzento suspira, murmurando histórias de chuva e tempestade, enquanto a humanidade busca refúgio sob o manto da própria criação. Mas, se existe tempo feio e tempo bonito, a partir de onde podemos definir qual é o tempo? Não seria ele uma tapeçaria tecida com fios de momentos, cada um carregando sua própria beleza e tormenta?

O tempo, esse conceito tão efêmero, parece dançar no limiar da nossa compreensão, escapando pelos dedos como a areia das ampulhetas que tentam contá-lo. A beleza e a feiura do tempo são irmãs gêmeas nascidas da percepção. O mesmo vento que desalinha os cabelos em dia de tempestade, acaricia o rosto em uma brisa de verão. A mesma chuva que encharca os ossos, traz a promessa de renovação, tocando a terra com dedos de vida.

Nesse palco imenso chamado existência, tempo feio e tempo bonito se alternam em uma dança eterna, guiados pela batuta invisível da natureza. A questão não é definir o tempo, mas sim o que fazemos com ele. O tempo feio pode se tornar um convite para a introspecção, um momento de olhar para dentro, onde a verdadeira beleza reside. Enquanto o tempo bonito, pode ser o chamado para compartilhar, expandir e celebrar a infinita estamparia da vida.

Cada gota de chuva, cada raio de sol, cada sopro de vento, são pinceladas no vasto quadro que compõe nossos dias. E assim, em sua sublime indiferença, o tempo nos ensina sobre a impermanência de tudo que é externo, convidando-nos a buscar a beleza que reside no efêmero, no momento presente, naquilo que é inalterável dentro de nós.

Nesta crônica do viver, onde o filosófico e o poético se entrelaçam, descobrimos que o tempo não é nem feio nem bonito; ele é simplesmente tempo. E, nesse reconhecimento, talvez possamos nos liberar das amarras das definições e simplesmente ser, fluindo com a vida, como o rio que sabe que o seu destino é o mar, independentemente da tormenta ou da calmaria em suas águas.