No entrelaçar dos ventos, vozes murmuram

Cânticos sutis de dores e amores antigos,

São ecos de almas que se tocam na distância,

E nos olhares silenciosos, o verbo habita.

A poesia, essência líquida que corre nas veias,

É chuva que banha o árido peito da saudade.

Cada verso, um suspiro entre universos,

Um enlace de mãos invisíveis no tempo.

Carrego em mim a vastidão das histórias

Que nascem no peito de quem viveu e sentiu,

Desde o amor que floresceu nas tardes de outono

Ao afeto que nunca encontrou seu porto.

Mas não há vazio que a poesia não preencha,

Como um abraço quente nas noites frias,

Como um sorriso que surge no meio da tempestade.

Somos todos parte dessa dança cósmica.

Entre os corredores da memória,

Encontro teu rosto, teu riso, teu cheiro,

Misturados às lembranças que não me deixam,

E é aí, entre linhas tortas e rimas falhas,

Que descubro que a dor também pode ser beleza.

A palavra, essa chama que arde e conforta,

Nos une, nos abraça, nos convida a ser mais.

Somos viajantes em busca de pertencimento,

E na poesia, encontramos o nosso lar.

Deixa que cada palavra minha te toque

Como brisa suave num fim de tarde,

Como o calor que surge nas manhãs de inverno.

Que tuas feridas sejam flores nascidas do impossível,

E que, ao ler, tu sintas que nunca esteve só.

Aqui, neste espaço que partilhamos,

Não há fronteiras de pele, de tempo, de espaço.

Há apenas o pulsar uníssono de corações

Que encontraram, na poesia, o ponto de encontro

De suas almas errantes, de suas luzes mais belas.

Então, segura minhas mãos de letras,

E dança comigo nesse ritmo antigo,

Pois cada verso é uma ponte entre nós

E, nesta teia dos sentidos,

Seremos sempre um só.