SUBÚRBIO DA MORTE
Tony Antunes
No crepúsculo engessado,
Sobre casas em lamúrias,
O vento lamenta-se
Na lápide que se desfolha.
Ruas viúvas e frias,
Almaço partido ao meio
— Sombras de caixões vazios
No asfalto lúgubre e alheio.
Muros racham em desvida,
Luz do poste — vela trêmula,
O chão bebe lágrimas de granito
Ante a súbita morte que refulge.
Noite mortífera que desce,
Tece um sudário de bruma:
Portas são túmulos abertos
Onde o adeus consome-se só.
A aurora de desalmorte
Silêncio em pó de fim —
O subúrbio é o último suspiro
No pulso de um verso morto!
Palmares, 4/8/2025
RESPEITEM-SE OS DIREITOS DO AUTOR:
Lei 9610/1998
Livro: Poemas & Prosas de Tony Antunes
Comentários
Mui belo poema, em estilo gótico, onde se faz uma espécie de apologia à morte! Mui versátil! Gostei!
Lorde Égamo | 11/08/2025 ás 16:26 Responder ComentáriosObrigado pelo comentário e pelas dicas que me deste! Que o Deus do teu coração te abençoe sempre ?!
Tony Antunes | 11/08/2025 ás 16:34