Hoje à tarde, num sonho tão vivo,
mergulhei no tempo, me vi sem abrigo.
Mas lá estava ela, em luz envolvida,
segura, serena, tão bem acolhida.

O espaço era doce, a brisa macia,
como se o mundo parasse no dia.
E num impulso que veio sem aviso,
me vi nos seus braços, num toque preciso.

O tempo parou no abraço apertado,
o destino sorriu, calado, encantado.
E sem que eu visse, sem que eu soubesse,
caí sobre ela… e o sonho acontece.

Olhares profundos, sem fuga, sem medo,
segredos ditos sem som, sem enredo.
E então, como versos que o vento compõe,
seus lábios tocaram os meus num acorde.

Foi fogo, foi sonho, foi tudo e além,
foi beijo que o tempo não apaga também.
E quando hesitei, sem saber se acordava,
voltei ao encontro, pois a alma chamava.

Mas o sonho se foi, cruel e ligeiro,
me deixando em vigília, em desejo inteiro.
Pedi ao destino, baixinho, em prece,
que desse um sinal, que enfim me dissesse.

E quando a tarde cansada chegava,
o som do celular, num pulso, vibrava.
Uma simples mensagem, um doce "oiê",
me fez estremecer… e agora, o que fazer?

Ah, esse amor… incerto, pulsante,
sonho ou verdade? Presente ou distante?
Não sei o caminho, mas vou sem temer,
pois algo em mim grita: vale a pena viver.