Que coisa mais engraçada,
acontece em nosso idioma.
A bicharada está à solta,
tomando nosso bioma.
O marido da Mimosa,
forte como um touro,
era metido a valentão.
Chamava-a de ovelha negra
e, covarde, dava em seu couro.
E ela sofria em sua mão.
Mimosa, doce e melindrosa,
Não aguentou o estouro.
E a vaca foi para um brejo bem distante dali!
Que reviravolta maravilhosa,
teve a história da Mimosa,
que acreditou em um falso amor
e pagou o pato por ser idealista.
Desvencilhou-se do manipulador
sem deixar rastro ou pista.
Fugiu ao romper da aurora,
embrenhou-se mundo afora,
picando a mula, a perder de vista.
Porém, no meio do caminho
deu com os burros n'água;
caiu e esfolou seu focinho.
O touro seguia-a de pertinho.
Mas como, Mimosa era teimosa,
como uma mula empacada,
não tinha sangue de barata e,
cantou de galo na madrugada.
Deixou de ser aquela vaca tapada,
matou a cobra e mostrou a paulada,
deixou o abutre de cara amassada.
Não deu zebra com a Mimosa!
Ela se cansou de engolir sapo
e sofrer como um patinho feio.
Hoje vive batendo papo
e mostrando a que veio.
É malhada e muito feliz,
empoderada e dona de seu nariz!
E nunca mais, Mimosa foi para o brejo!
Livro: O que quero da vida