Sob a Égide do Aço Frio

Prosa Poética | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 26 de Janeiro de 2025 ás 11h 20min

Ergue-se a voz de ferro,

no alto da torre do poder,

dizendo ao vento:

"Não há mais nuances,

não há mais cores;

somente o rígido cinza

do homem e da mulher."

 

E quem somos nós,

que existimos nas dobras do mundo,

senão espectros desfeitos

pelo peso da palavra oficial?

Nos tornamos poeira no discurso,

ecoando um grito que não será ouvido.

 

As mãos calejadas que nunca alcançaram

o topo da escada invisível

são agora esquecidas,

pois o mundo, dizem,

é um lugar para os fortes,

para os merecedores,

e não para os quebrados.

 

Oh, América,

onde o sonho é agora

pesadelo lúcido,

quem poderá segurar

os que caem entre os vãos

do teu olhar meritocrático?

Teu silêncio para os vulneráveis

é um berço de aço frio,

onde a esperança sufoca.

 

E nós, invisíveis,

continuamos a resistir

no espaço que insistem em apagar,

tecendo, com lágrimas e fogo,

um outro amanhã.

 

 

Comentários

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.