Por que escolhemos o véu do silêncio,
quando as palavras queriam nascer?
Tínhamos tanto, tão denso, tão imenso…
e deixamos tudo sem acontecer.
Ou talvez — quem sabe? — fui só engano,
insisti onde o amor não habitou.
Amei sozinha, com afeto insano,
enquanto o teu peito jamais me tocou.
Sinto uma dor que não sei nomear,
não é ausência, é algo mais profundo.
É a alma cansada de tanto esperar,
o coração sangrando sem ter um segundo.
Diz-me, se podes, com voz verdadeira:
valeu o que dei, ou fui só lembrança?
Pois se nada restou dessa entrega inteira,
que ao menos reste em mim… esperança.