Olha para ti, espectador da própria farsa, com teus olhos cheios de si, mas vazios do mundo.
Ergue-te como um rei sem coroa, construindo castelos de vento sobre a areia movediça da ilusão.
Quem te disse que és grande? O eco da tua própria voz? O aplauso de sombras que se curvam sem alma? A mentira doce que te alimenta e te apodrece? Senta-te, eu te ordeno.
Aqui, onde a verdade não aceita máscaras. Onde tua glória é apenas um sopro, e teu nome se dissolve na poeira do tempo.
És um espetáculo ambulante de vaidade, um titereiro de si mesmo, um orador de palavras ocas, que prega para um público de espelhos.
Mas eu te vejo. Sim, eu te vejo. E não, não desvies o olhar. Porque por trás desse brilho forjado, escondes um vazio que grita em silêncio.
Quantos mais precisarão se curvar, para que te sintas erguido? Quantos mais precisarão ser pó, para que te creias ouro? Desce do teu trono de vidro, ante que os estilhaços te devorem. E então, talvez, na poeira do chão, talvez encontres a grandeza que nunca soubeste buscar.