Saudade Sob o Luar das Lembranças

Crônicas | 2023/8 Contemplando a Saudade | Matile Facó
Publicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 16h 35min

Na penumbra da noite, onde as sombras dançam e o silêncio tece suas histórias, lá reside uma melodia sutil, uma canção suave que ecoa pelos recantos da saudade. É sob o manto do luar que me encontro, envolta em lembranças que são como fios de prata, delicadamente entrelaçados com o tecido do tempo.

Contemplo a saudade como quem observa uma paisagem que se desenha no horizonte do coração. Ela não é apenas um vazio, mas sim um álbum de momentos, uma tapeçaria de emoções que se desdobram como páginas de um livro que a vida escreve com tinta indelével.

Neste tranquilo jardim de memórias, cada flor carrega o perfume de um sorriso passado, cada folha, a textura de um toque que permanece gravado na pele da alma. São cenas que se desdobram como pássaros migratórios, voando entre os ramos da mente, trazendo consigo a canção suave da saudade.

Na penumbra, os suspiros se transformam em brisas suaves, e as estrelas testemunham o balé das lembranças. Há uma serenidade na contemplação da saudade, um encontro com fantasmas que, ao invés de assustar, acariciam a pele da existência com mãos etéreas.

Cada nota dessa melodia silenciosa é um portal para o passado, um convite para dançar com sombras que já foram corpos, com ecos de risos que já foram risos. A saudade é a madrinha das recordações, guiando-me por caminhos onde a luz da lua é testemunha silenciosa de um espetáculo que se desenrola no palco da alma.

E, ao contemplar a saudade, descubro que ela não é uma ausência, mas sim a presença de algo que transcende as fronteiras do tempo. É uma viagem pelos corredores da existência, onde cada passo ressoa com o eco de momentos que, mesmo no esquecimento da mente, permanecem gravados na essência do ser.

Neste cenário noturno, a saudade é como um farol que ilumina os recantos mais profundos da alma. Ela convida a olhar para trás, não com tristeza, mas com gratidão pelo que foi vivido. Cada sombra que se desenha é uma testemunha da riqueza de uma jornada, da complexidade de ser feito de lembranças e saudades.

Assim, sob o luar das lembranças, entro no santuário da saudade. Deixo-me levar pelas ondas suaves desse oceano de recordações, onde cada maré traz consigo histórias que, embora tenham sido vividas, continuam a pulsar, como estrelas distantes que ainda lançam sua luz sobre as noites silenciosas.

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