Chorei de saudade, ou de desprezo talvez,

Por alguém de quem não faço parte, confesso.

Uma alma distante, que mal reconheço,

Mas que em meu peito, estranhamente, pesa.

Foi uma lágrima solitária, um sinal de fraqueza,

Ou um grito mudo de minha própria natureza?

Não sei dizer se foi tristeza ou mera beleza,

Essa dor aguda, essa certeza incerta, essa aspereza.

Por que choro por quem não conhece meu nome?

Por quem em meus sonhos, involuntariamente, some?

É saudade de algo que nunca foi meu,

Ou desprezo por mim, por ter escolhido esse adeus?

Vivo à sombra de um sentimento não correspondido,

Um fantasma em meu coração, um segredo escondido.

Choro não por amor, mas por um vazio incompreendido,

Por um lugar em sua vida, que nunca foi concedido.

Talvez seja a dor de não ser parte de sua história,

Ou a angústia de minha própria memória.

Que cria laços onde não existem, uma ilusória

Conexão com quem vive em outra trajetória.

Chorei, sim, de saudade ou de puro desprezo,

Por alguém que em sua vida, não deixo nem começo.

Mas cada lágrima ensina, e nesse processo,

Aprendo a soltar, a viver, a superar o excesso.

Assim, dessas lágrimas, nasce uma nova força,

Um aprender a amar, sem esperar nada em troca.

A dor de hoje se torna a lição,

E nesse chorar, uma nova alma desponta, e se reforça.