Saudade Agridoce
Poemas | 2024/1 - Antologia Versos da alma: uma jornada poética coletiva | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 01 de Fevereiro de 2024 ás 18h 02min
Saudade Agridoce
Na teia tênue que o destino tece,
Onde o amanhã de névoa é feito,
Ali jaz uma história que esquece
A bruma entre o sorriso e o peito.
Houve um tempo de risos e cores,
Danças livres em campos em flor,
Onde os dias não tinham dores,
E a vida era um eterno amor.
Mas, oh! Como são frágeis os laços,
Que o tempo com força desfaz!
Veio o vento, levou os abraços,
E no lugar, a saudade voraz.
Saudade, vil tirana cruel,
Que invade silente, sorrateira,
Destila em noss'alma o fel,
E faz do ontem a morada derradeira.
Ah, mas não é só de tristeza composta
A sinfonia que a vida regente,
Há sempre esperança que resta
No brilho sereno da mente.
Por cada lágrima vertida,
Na face que o tempo moldou,
Há uma memória querida,
Que nem a dor apagou.
E assim, sob a vastidão do céu,
Onde as estrelas cintilam sem fim,
Cada história se torna um véu;
Dor e amor, trançados assim.
Esse poema tão breve, senhores,
Tem a ver com o bálsamo e o fel;
São palavras de todos os amores,
Que no mais fundo tocam o papel.
Lágrimas, símbolos de emoção pura,
Por vezes, de felicidade ou dor,
Narram cada viva criatura,
Que no amor teceu seu valor.
Permitam que seque a amargura,
Pois até a tristeza tem seu esplendor,
E toda alma em sua ternura
Em poesia transforme a dor.
Que este verso então seja ponte,
Entre o coração e o infinito,
Que cada palavra nele conte,
Como num peito bate aflito.
Por entre a neblina da memória,
Uma chama ainda arde sem desdém,
Não é só de tristezas a história;
Há amor, e este nos sustém.
Então, que este poema abrace
A alma que trespassado foi,
Que nele cada um se enlace
E sinta que a vida ainda ecoa, herói.
Pois cada gota que nos olhos mora,
Cada suspiro que nos lábios vem,
É a prova de que ainda agora,
A vida vale a pena, amém.