SAPATILHAS DE DANÇARINA
Prosa Poética | 2025 - MAIO - Laços de família: Histórias de amor e conexão | Edson BentoPublicado em 25 de Março de 2025 ás 09h 53min
Sapatilhas de Dançarina
No instante em que o jeté é lançado, as sapatilhas de dançarina se arrastam cansadas, como se tivessem o peso do mundo nos pés. Equilibrar-se na corda da vida tornou-se um desafio, e o balé, antes tão vibrante, agora parece distante. Elas anseiam por um tempo em que podiam dançar livremente, mas o encanto parece ter se perdido.
Esquecidas em qualquer canto, guardam ainda a esperança de brilhar. Sonham em retornar ao centro dos salões, onde os olhares se voltavam para elas, onde cada passo emocionava corações. A velha sapatilha carrega a memória de um dia glorioso, quando venceu o maior concurso e saltitou de felicidade. Naqueles pés calejados, ela equilibrou com maestria todos os passos brilhantes que um dia foram dados.
Com as sapatilhas nos pés, a dançarina era uma rainha. Cada movimento seu era graça e beleza, uma magia que encantava a todos ao redor. Mas agora, para ela, a música se transformou em silêncio; a dança se tornou um gingado vazio. No armário da solidão, o tempo passa lentamente, mas mesmo assim, seus pés ainda bailam com uma luz interior.
Nelas permanece a alma da dançarina e o doce sonho de voar leve como uma pena. As cores vibrantes de flores ainda habitam suas memórias, trazendo à tona a essência da dança que nunca se apagou completamente. Mesmo esquecidas, as sapatilhas ainda dançam dentro dela.
Edbento
Comentários
Que linda prosa poética! Poeta, ler sua prosa foi como estar sentado na plateia vendo e observando os belos passos de dança de sua meiga bailarina!
Lorde Égamo | 26/03/2025 ás 14:21 Responder Comentários