Quando criança, o Natal significava comemorar o nascimento do filho de Deus, que se fez homem entre nós;

Nasceu pobre o menino;

Filho de mãe solteira, imigrante;

Quando jovem, desafiava a Igreja, denunciando os hipócritas dos templos, andava com os desvalidos, defendia as minorias;

Quando adulto, desafiou as leis do estado, falando sobre igualdade, compaixão, partilha e amor ao próximo;

Esse foi o Jesus Cristo que conheci e para quem celebrava o Natal.

Hoje adulta, se comemorar o Natal, significa que concordo:

Que nascer pobre significa que os seus pais, não se esforçaram o suficiente… não tiveram mérito;  

Que os filhos de mãe solteira, são desajustados sociais, logo, se levar um tiro na cabecinha, faz parte do status social e tudo bem;

Que imigrante só serve para tirar vagas de emprego de nacionais e onerar a previdência social;

Que frequentar a Igreja é sinônimo de garantia de prosperidade financeira;

Que o importante é ter;

Quanto ao ser, pouco importa, se tudo, com dinheiro posso comprar, inclusive, o pastor que nada me desabonará, enquanto, dez por cento eu pagar;

Ah, e quanto as minorias: os homoafetivos, a mulher livre, o preto empoderado, o pobre letrado?

Esses, arrasta, prende e mata...

Essa gente, roubou o Natal ou eu apenas passei a entender, porque o filho de Deus, àquele que nasceu pobre, filho de mãe solteira, imigrante e desprovido de qualquer preconceito, foi crucificado.