Rio que nunca seca
Poemas | 2025 - Antologia Josivaldo Santos e Convidados - Poesia. Ontem - Hoje - Sempre | Manoel R. LeitePublicado em 22 de Outubro de 2025 ás 23h 15min
O tempo borda lembranças no pano da vida
fio antigo que o vento ainda convida
ontem era chão de barro e esperança
hoje é asfalto, mas o sonho não cansa
as mãos mudam, o gesto continua
no olhar de quem planta e de quem cultua
há quem viva correndo e quem vá devagar
mas o tempo ensina todos a esperar
um canto antigo ainda ecoa na alma
feito cordel que o destino embala
cada palavra tem gosto de raiz
lembrar o passado também é ser feliz
na tarde quieta o sino se estende
e o mesmo sol de ontem ainda acende
a luz do amor não conhece estação
habita o instante, pulsa no coração
somos pedaço de tudo o que fomos
e sombra dos sonhos que ainda tomos
a poesia é o rio que nunca seca
mesmo quando o verso se faz careca
porque viver é rimar com o tempo
e aceitar a dor como ensinamento
ontem, hoje e sempre, o verso renasce
na boca do povo, o mundo refaz-se
e no coração de quem sente e escreve
a poesia é chama que nunca se atreve a morrer.