RETRATOS

Às vezes me perguntam:

Porque eu escrevo tanto?

Então resolvi responder...

Tem momentos tão mágicos

Tão grandiosos, tão únicos

Que é impossível guardar só para mim

Tenho de correr e colocar no papel

Para que assim se eternize

E não virem borboletas soltas por aí

Momentos como agora:

Meu velho pai, sentado numa cadeira na área

Cabelos brancos, curvado

Em reverencia lendo sua amada Bíblia, depois de dormitar entre frases,

Balbuciando orações, adquirindo conhecimento

Para a vida eterna que ele crê

Uma tarde agradável, de sol quente, brilhante

Um pássaro cantando ao longe

Eu sentada num banco daquela “velha mesa da área”

A água do café da tarde fervendo no fogo

As luzes do final da tarde começando a se retirar

Fazendo sua maravilhosa dança de matizes

A música Marry.go Rond of Life from “Howl’s Movine Castle” tocando ao fundo

E eu correndo para compor a tela em letras derramadas

Não para guardar no fundo da gaveta

Mas para eternizar na memória, um registro

Com cheiro e cor no matiz de seus cabelos, meu velho Painho

Prateados, refletindo o pôr do sol, mais prateado do que o costume

Sentadinho aí´, distraído em sua leitura, na minha área

E meu coração compassado na emoção terna de lhe observar

Meu filho, um dia, vai ler estas páginas

Meu neto, quem sabe meu leitor

E comigo vai fazer de novo esse momento voltar

Na recordação, entre brumas, nas asas do tempo

Esse momento, com certeza retornará, como telas pintadas com amor

Assim o Segredo do Tempo estará eternizado no meu desenhar, no meu versar.