Querida Humanidade,
Aqui estou, entre os escombros e o medo. Sou uma criança que já não sabe o que é brincar. O céu, que um dia pintava meus sonhos, agora despeja fogo, estrondo e dor, e meu coração pequeno chora em silêncio por uma paz que não tive tempo de conhecer.
Perdi o gosto das palavras simples, aquelas que diziam amor, família, abrigo. Agora, só conheço o barulho da fuga, o eco das bombas que destroem lares, e as lágrimas que caem sem permissão, tão rápidas quanto os gritos que rasgam o ar. Minha casa, neste momento é uma tenda precária. Aqui não temos comida, não temos água, não podemos ir à escola.
Meus olhos são pequenos, mas enxergam tanto! O que fizemos para merecer este castigo? Quero perguntar, mas não sei quem poderá me responder...
Deus, será que me ouve em meio ao caos? Ou será que até Ele se perdeu nas cinzas que varrem nossas esperanças de existir?
Escrevo esta carta para vocês, aqueles que ainda dormem em paz, que ainda têm uma casa para voltar ao fim do dia, para aqueles que ainda têm pais e filhos para abraçar, para aqueles que têm seu animalzinho de estimação para com ele correr, pular, sonhar, para aqueles que podem seus filhos na escola levar...
Não posso gritar, minha voz está presa, mas minha alma implora: salvem-me antes que eu me esqueça de como é viver sem medo, sem guerra. Por favor, eu imploro, espalhem amor em cada canto desta terra! Não fizemos nada de errado para as consequências desses sangrentos atos colher. Somos apenas crianças indefesas e só queremos em paz viver!
Com um pouco do amor que ainda me resta. De uma criança que só deseja ser criança.