Quase Natal
Crônicas | 2025 - DEZEMBRO - Luzes e esperanças: Histórias e poesias para aquecer o Natal | Rose CorreiaPublicado em 25 de Junho de 2025 ás 11h 29min
Quase Natal
As cores eram vibrantes e chamativas. Ela olhava atentamente, sem entender. Eram tantas luzes piscando ao mesmo tempo que pareciam estrelas soltas na imensidão do universo.
Permaneceu ali por um bom tempo. Era como se tivesse saído de si. Nunca havia estado em um lugar tão claro, tão cheio de brilho. Observava também as pessoas que passavam. Percebia que ali havia gente como ela — diferentes, mas igualmente encantadas.
Até que sentiu alguém esbarrar, de forma suave, em seu braço.
Ela olhou.
Ele sorriu.
Ela se acanhou.
Ele pediu desculpas.
Ela sorriu.
Ele seguiu um pouco adiante, mas, de longe, continuou a observá-la. Ela percebeu e se acanhou de novo, notando que estava sendo admirada.
Pouco depois, ele se aproximou e perguntou:
— Está gostando?
Ela pensou por um instante antes de responder:
— Estou tentando entender por que tantas luzes brilham ao mesmo tempo, se as pessoas andam sempre tateando na escuridão dos seus achismos...
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, depois respondeu:
— Talvez seja por isso mesmo… no fundo, todo mundo quer encontrar um pouco de luz, mesmo sem saber onde procurar.
Ela o encarou com mais atenção. Pela primeira vez, não eram as luzes ao redor que mais brilhavam, mas o olhar dele, calmo e sincero. Sentiu um calor leve no peito — algo novo, mas estranhamente familiar.
— E você? — ela perguntou. — Está procurando luz também?
Ele sorriu, e disse, sem hesitar:
— Acho que acabei de encontrar uma.
As luzes ao redor continuavam piscando, mas, para os dois, algo havia mudado. Tudo parecia mais suave.
Caminharam juntos por alguns metros, em silêncio. Às vezes, o silêncio também ilumina.
Ela parou diante de uma árvore decorada, fitou os enfeites e disse, quase como quem pensa alto:
— Eu não acredito no Natal… mas respeito quem acredita. Só acho curioso como as pessoas se encantam tanto com o brilho de fora e se esquecem do que carregam por dentro.
Ele ouviu com atenção. Depois disse, apontando para o próprio peito:
— Talvez algumas luzes externas despertem o que está apagado aqui dentro.
Ela sorriu de canto, como quem entendia, mas não queria comentar.
Andaram mais um pouco. O vento era leve, e as luzes dançavam ao redor deles. Havia algo no ar que nenhum dos dois sabia nomear.
Ele quebrou o silêncio:
— Acha que as luzes apagam depois da data?
Ela respondeu:
— Algumas sim. Outras… talvez fiquem acesas. Mas isso só o tempo vai dizer.
Ele assentiu. Depois, com simplicidade, perguntou:
— Quer um café?
Ela não respondeu de imediato. Apenas o olhou. E, com um brilho discreto nos olhos, acenou com a cabeça.
Então os dois desapareceram entre as luzes, como quem entra devagar em uma nova história — daquelas que ninguém sabe como termina.
Crônica Poético -reflexiva Rose Correia
Comentários
Que lindo conto! Uma sugestão para um novo nome: “O nascimento de uma paixão”! Muito lindo! Adorei!
Lorde Égamo | 25/06/2025 ás 11:45 Responder ComentáriosMuito lindo e bem elaborado. Parabéns
ADAILTON LIMA | 25/06/2025 ás 18:22 Responder Comentários