Prosa poética setigonal Nostalgia de uma velha casa à beira-mar
Prosa Poética | Jaque MonteiroPublicado em 08 de Fevereiro de 2025 ás 08h 55min
Ainda vejo com repúdio, as mesmas manchas na pintura já gasta, com as quais amiúde me desabafei.
Indigestas memórias nubladas de maresia, provocam-me azia e ânsia.
Elas batem feito ressaca do mar, num vaivém no vão da boca salobra.
Como outrora, mudas testemunhas - os móveis agora carcomidos - entreolham-se imóveis.
Espantam-se com os vincos erodidos pelas constantes monções silenciosas dos meus idosos-olhos-criança.
Encaro os rochedos pela janela gradeada, eles ainda flertam comigo, eu ainda flerto com o medo.
Espreitam-me de volta, as velhas paredes desbotadas do casarão, que nunca me disse nada.
*** Observação: este texto surgiu a partir de uma tentativa de setigonar diferente, acabou virando uma prosa poética setigonal, estilo que pretendo explorar mais.