O céu se abre em matizes de ouro e fogo
como se o dia pedisse perdão pela noite fria
e, no silêncio, a vida se ergue sem alarde
cada raio que toca a terra é uma promessa
de que tudo o que passou encontra lugar
no ciclo eterno de começar outra vez.
As árvores despertam em sua paciência antiga
aceitando o vento, a chuva ou o sol ardente
e nelas aprendemos que o tempo não apressa
quem sabe que crescer é um gesto de fé
pois o amanhã sempre carrega possibilidades
ainda que hoje tudo pareça incerto.
Há uma luz que não se vê, mas se sente
nos olhos que se abrem à claridade tímida
e no coração que insiste em bater com força
mesmo após os golpes e as dúvidas da noite
é o amanhecer que sussurra baixinho
que a vida vale pelo simples fato de ser.
O horizonte se desenha como um caminho
não reto, mas cheio de curvas e mistérios
e cada passo dado é uma celebração discreta
do poder de seguir mesmo quando se teme
pois a coragem nasce em momentos frágeis
e cresce como o sol, rompendo as nuvens.
O amanhecer não promete facilidade, mas constância
diz que a queda é parte do voo, o fim, do início
e que a força está em aceitar o que vem
com serenidade e olhos fixos no presente
assim, cada dia é uma nova chance ofertada
de viver plenamente, sem nada a perder.