Navios singram nos mares
Corpos sangram nos porões
Choram destroçados filhos e mães
Aprisionados por grilhões
Arrancados de junto de seus pares
Ratos
Restos
Dejetos
Objetos
Miséria humana
Miséria d'alma
Misericórdia divina
Mortes
Morrem os corpos
Morrem os sonhos
Morrem as esperanças
Aportam em terras tropicais
Descem esperançosos no cais
São vendidos como animais
Os homens, cadê?
Compram-nos, bestiais!
Trabalho
Trabalho forçado
Trabalho escravizado
Indignidade
Desumanidade
Brevidade
Renascem sonhos
Reaparecem tímidos sorrisos
O Brasil não é a Terra Prometida
Há vida nessa vida?
Há resistência
Há força
Há fé nessa vida sofrida
Abolição?
Qual?
Contradição...
Se apenas trocaram as correntes pelos olhares
A casa-grande e a senzala
Por outros lugares
Navios ainda singram pelos mares
Da indiferença
Da intolerância
Da invisibilidade
E içam enormes pretas velas
Do preconceito velado(?)
Revelado
Pelos ratos que continuam por aí...
Comentários
É, poeta, duas verdades: 1-os barcos singram nos mares; 2-os ratos continuam por aí! Ótimo poema!
Enoque Gabriel | 08/09/2022 ás 22:53 Responder ComentáriosQue abolição? Que liberdade? Correto poeta, é a pura verdade!
Edson Bento da silva | 09/09/2022 ás 10:33 Responder ComentáriosAmigos, Edson e Enoque, muito obrigado pela apreciação. Abraço.
Romeu Donatti | 11/09/2022 ás 09:21 Responder Comentários