E agora, professor?

 A rotina mudou,

o aluno em casa ficou,

a algazarra sumiu,

a conversa cessou,

e agora, Professor?

E agora você?

Você que é guerreiro,

que não foge à luta,

você que improvisa,

que inova, incentiva?

E agora, Professor?

Está sem aluno,

está sem rumo

está sem companhia,

já não pode lecionar

já não pode abraçar

ir à escola não pode.

A escola fechou,

o aluno nela não vai

você não vai

quase ninguém vai

não vai a alegria

e tudo mudou

e tudo sumiu

e tudo acabou,

e agora, Professor?

E agora, professor?

Sua doce palavra,

seu instante em sala,

sua atenção e carinho,

sua explicação

sua bronca na turma

seu momento de leitura

sua presença,

sua rotina - e agora?

Com o celular na mão

quer voltar para a sala

não pode voltar;

quer ver seus alunos,

mas isso não dá;

quer ir para a escola

a escola fechada está.

Professor, e agora?

Se você falasse

se você escrevesse

se você contasse as belas histórias

se você sumisse

se você cansasse

se você desistisse...

Mas você não desiste,

você é forte, Professor!

Você não está sozinho

nesse momento ímpar,

tem boa vontade,

tem esperança de ainda voltar

de seus amados

alunos abraçar

e juntos caminhar!

Caminhar, para onde?

            (Poesia (paródia da poesia JOSÉ de Carlos Drummond de Andrade)

em homenagem ao professor que teve que inovar, recriar,

reinventar e repensar sua prática em tempos de pandemia da COVID-19)