Primavera da Resistência: A Alegria que Floresce Contra a Destruição da Natureza.

Primavera | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 22 de Setembro de 2024 ás 11h 35min

Hoje, com o início da primavera, somos abraçados por uma sensação de renovação, alegria e vitalidade. A estação das flores chega trazendo cores e perfumes que nos convidam a contemplar a beleza da vida em sua essência mais pura. Mas será que estamos, de fato, aproveitando essa celebração da natureza, ou estamos, aos poucos, permitindo que ela se torne apenas uma lembrança nostálgica de um tempo que já não volta?

 

O filósofo Gilles Deleuze nos lembra que "o poder requer corpos tristes", pois a tristeza é facilmente controlada. Ela se rende. Ela é domável. Ao contrário, a alegria é resistência, uma força vital que se rebela contra qualquer tentativa de ser dominada. Quando vivemos com alegria, nos tornamos incontroláveis, livres para explorar novos caminhos, romper com estruturas opressivas e proteger aquilo que é essencial para nossa existência: a natureza.

 

A primavera, com sua energia vibrante, é um lembrete dessa potência de vida, dessa resistência alegre. No entanto, ao mesmo tempo, é impossível ignorar a tristeza que permeia nossa relação com o meio ambiente. Estamos assistindo, muitas vezes inertes, à destruição das florestas, à poluição dos mares e à extinção de incontáveis espécies. A tristeza que Deleuze menciona não é apenas pessoal, é coletiva, enraizada nos atos criminosos contra a natureza, cometidos por aqueles que detêm o poder.

 

Mas qual é a nossa parcela de responsabilidade nisso? Quantas vezes nos deixamos levar pela inércia, aceitando o status quo sem resistir? Permitimos que a tristeza nos invada, nos paralise, e, ao fazer isso, damos força àqueles que se beneficiam da destruição do meio ambiente. Cada árvore que cai, cada rio que seca, carrega consigo um pedaço da nossa própria essência, da nossa capacidade de ser livre e viver com alegria.

 

Este início de primavera deveria ser um convite à reflexão e à ação. Não podemos mais deixar que a tristeza e a apatia nos tornem cúmplices dos crimes contra a natureza. A alegria, como disse Deleuze, é a chave para resistir, para levantar a cabeça e dizer "não" à destruição. Precisamos aprender com as flores, que nascem mesmo nas condições mais adversas, que resistem ao frio do inverno e florescem com força renovada.

 

É hora de florescermos também. De permitirmos que a alegria seja nossa guia, nossa força motriz, nossa resistência contra o poder que deseja nos ver tristes e apáticos. O futuro da natureza – e, portanto, o nosso – depende de como escolhemos viver hoje. Se escolhermos a alegria, estaremos escolhendo a vida. Se nos rendermos à tristeza, seremos apenas mais uma parte do que se perde com o tempo.

 

Que essa primavera nos inspire a resistir, a lutar, e, acima de tudo, a proteger o que ainda resta de belo e vital neste mundo. Porque, no final das contas, a alegria não é apenas um estado de espírito; é um ato de resistência. E a natureza precisa que resistamos.

 

 

Comentários

É possível *resistir*, resistir ao modismo, a destruição do que existia como patrimônio pessoal e internalista, é possível resistir ao engodo de filosofias vãs, ao que ouvimos e replicamos, resistir a história dos livros, sem antes pesquisar os contextos, é possível resistir ao canto da sereia do politicamente correto, e não ficar constrangido de estar certo. Belo texto!

ADAILTON LIMA | 22/09/2024 ás 12:54 Responder Comentários
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