PREFÁCIO

Poemas pescados

De Mafalda Moreno

“O peixe alimenta o corpo, a poesia a alma”

Lorde Égamo

Quando alguém é convidado a elaborar uma peça que sirva de preâmbulo de uma obra, o que chamamos de prefacio, três elementos hão de estar em perfeita harmonia, unidos e coerentes para que aquela escolha seja bem-sucedida.

Primeiro: O autor da obra gosta de ler e admira os escritos do candidato a fazer seu prólogo, posto que se expressa bem e a premissa é de pleno êxito;

Segundo: O autor da obra enxerga no candidato a prefaciador atributos de linguagem que vão enriquecer sua obra e está em sintonia com o que pensa;

Terceiro: O autor da obra deposita absoluta confiança nas mãos, na inteligência e no talento do seu convidado. É como confiar um filho a um tutor.

Portanto, se foi isso que Mafalda Moreno viu neste modesto escritor, eu me sinto imensamente honrado, lisonjeado, orgulhoso e, assim sendo, tendo aceitado a “incumbência lírica”, farei o melhor que estiver em meu alcance, de acordo com o meu grau cultural, entendimento e conhecimento poético, para extrair das entranhas dessa obra, o brilho que jaz no recôndito de cada uma de suas páginas!

Apresentando a escritora:

Mafalda Moreno é, a um só tempo, paulista, paranaense e mato-grossense, conforme é possível observar em sua biografia. Mafalda dedicou-se ao literato. Graduou-se em Letras e Língua Portuguesa, é, portanto, professora e apaixonada pelas artes literárias. É viúva e tem três filhos, genro, noras, netos e bisnetos aos quais dedica sua majestosa obra.

Apresentando a obra:

Sua obra é magnífica. Merece ser lida, relida e refletida. Não pretendo interpretar a obra, mas apresentá-la, qual um pregoeiro a ostentar seu produto. Ao lermos cada verso podemos observar que a poetisa se reveste de emoções e deixa fluir os seus sentimentos aliados à sua experiência de vida, fator este que sublima a obra e a todos quer encantar.

Na obra “POEMAS PESCADOS” vamos encontrar uma riqueza de verdades!

Quando vamos a uma pescaria escolhemos o melhor peixe para podermos mostrar a todos os nossos convidados do que somos capazes, e assim podermos servir o melhor jantar. Desta mesma forma é Mafalda. Pescou o que há de melhor em seus escritos para presentear a você, amigo leitor, para que sinta o sabor de suas palavras e deguste com todo seu ardor!

O lirismo em sua obra se apresenta, a começar pelo poema de abertura, “A lua, eu e você”, um poema onde a paixão aflora num “céu salpicado de estrelas” onde “nossas almas se fundem na plenitude do amor” Nesta fase a poetisa está entregue ao grande amor de sua vida, seu esposo que nos deixou, porém quer dar provas do seu irrefutável e imorredouro amor. É no poema “A procura” que ela encontra “nas trilhas do tempo”, “em algum lugar”, mas logo pergunta, “Cadê você?”, suspirando forte e derramando muitas lágrimas. Depois em “Ah! Como eu queria”, diz que “queria te encontrar, sair de mãos dadas, sentir seu corpo junto ao meu” “e na relva fresca sentar sentindo o contato dos seus braços”! Estes são alguns dos belíssimos poemas onde o lirismo da poetisa está envolto de belas lembranças que aflora com o nascimento dos filhos e dos bons momentos vividos, cuja paixão nunca findou, mesmo após seu amado ter partido. Traz ainda em sua obra as “Doces lembranças” dos saudosos “Bons tempos” os bons “Momentos: nós e o mar” onde estão repletos de “Histórias de vida” que, segundo suas próprias palavras “histórias pra ser contadas” e “E por falar em sons”, relembra o ar bucólico da infância com os sons dos animais no terreiro e no campo, como se entoassem uma doce melodia. Lembra, ainda, em “Horizontes divididos” a grande dor da perda do seu querido par!  Encerra esta parte com os poemas “Meu anjo”, “Coração ferido” cuja imagem de um grande amor o tempo não foi capaz de apagar e em “Nossas fotos” onde sintetiza através das imagens gravadas para com isso afagar suas lágrimas, abafar a tristeza e através das boas recordações e do afeto dos filhos, nora, genros, netos e bisnetos se sentir feliz. Por fim, agradece à “Estrela amiga” por saber de sua história, e a conforta quando diz “ela enxuga minhas lágrimas tentando me consolar”!

A segunda parte a poetisa faz questão de prestar homenagens aos poetas, às cidades por onde passou, às amigas, com distinção especial à amizade mui cara, adquirida e começa com “Magia do silêncio” onde o poeta é o alvo de seu tributo, complementando o laurel com o doce poema “Amor e poesia” e, ainda, “Como definir poesia”. Reverencia “A mestra Elizabeth” sua antiga professora com quem um dia se encontrou e em nome dela reverencia a muitos e muitos educadores que por sua vida passaram deixando suas marcas indeléveis de amor, ensinamentos e amizade que o tempo não apaga, jamais. Presta homenagem à Dolores Flor no poema “Amizade Especial” como também com “Castelos reais”, à menina Ângela Malfatti que na praia fazia seus castelos de areia e que hoje, já mulher, constrói edifícios pois se tornou engenheira civil. Presta tributo às grandes amizades que surgem, se vão e novamente se reencontram, utilizando-se das pedras como metáfora, com os poemas “Caprichos da natureza”, “Encontro das pedras” e “Duas amigas”. Presta reverência à Sinop e aos amigos que fez por aqui, com os poemas “Meu cantinho predileto”, “Retrospectiva 2023” e “Sinop”.

Na terceira etapa de sua obra encontramos magníficas reflexões que nos fazem flutuar, começando por “Leveza da alma” que exerce o poder transformador, capaz de converter um sonho em arrebatadora paixão, mostrando no poema “A vida e suas nuances”, que no “grandioso universo”, “viver é uma incógnita”, inserida também em “Entre faces”, mas, se mantivermos o “equilíbrio” saberemos que “viver é uma arte” e “cumpriremos nossa missão”, poema “Fases da vida”.

Majestosa é a arte que Mafalda Moreno emprega quando transforma gratidão em poesia, nos mistérios advindos da natureza como um presente dos céus. Fala ainda da importância de nossas mãos que “são capazes de abençoar e manter acesa a luz votiva do amor”, “O poder das mãos”.

Analisar a obra de Mafalda, seria escrever um compêndio, de tão vasta que é, cheia de riquezas melodiosas. Há poemas brilhantes que aguçam nosso interior, aquece nossa alma e nos enche de inspiração, como o lindo poema “Valsa das flores”!

Mafalda faz uma observação importante. É um conselho necessário em especial para quem dirige, em dois maravilhosos poemas, “Consciência no trânsito” e “Nós e o trânsito”, pois se atendermos a tão brilhantes conselhos, muitas vidas serão poupadas, muitas almas queridas deixarão de ser ceifadas.

Esta brilhante poetisa finaliza o nascimento do seu “filho poético” com o poema que deu nome à magnífica obra, seja: “Poemas pescados”, onde ela explica a sua pescaria, viajando por rios e por mares e brincando com os peixes da paixão, amor, saudade, alegria, luz, e até tristeza e faz questão de encerrar dizendo “a poesia sempre está presente/ faz parte da nossa vida/ do nosso respirar.” E lança um convite “Vamos poemas pescar/ pois neles expresso está/ o dom sublime de amar!”

Amigo leitor, você precisa conhecer a obra “POEMAS PESCADOS”. Nela você encontrará lágrimas de uma mulher que foi amada e que soube amar. Que valoriza a família, os amigos, a boa amizade, a natureza, enfim. É um livro repleto de paixão, virtudes, razões, emoções e reflexões. Uma verdadeira fonte de inspiração!

Vale a pena ler esta obra. Eu recomendo!

Enoque Gabriel, Lorde Égamo,

Escritor/poeta

Setembro/2024