Prefácio da obra Uma Nova História, de Lia Reis

Prefácio | Romeu Donatti
Publicado em 01 de Novembro de 2022 ás 15h 00min

Outubro é mês que congrega datas importantes em seu calendário. E nesse contexto festivo recebo, honradamente, o convite para prefaciar a obra “Uma Nova História” da poeta e amiga paranaense Clélia Reis, sob o pseudônimo de Lia Reis.

Nesse instante faço uma pausa. Um parêntese é necessário pra um breve retorno no tempo.

Reporto-me a 2016, estamos em início de setembro e logo a primavera nos brindará com seu leque infinito de matizes; e estou no Encontro de Professores de Língua Inglesa de Mato Grosso na cidade de Lucas do Rio Verde.

Começam os trabalhos do evento e somos instigados a nos aproximarmos e ocuparmos espaços vazios. Senta-se ao meu lado uma professora de Sorriso e de sorriso franco, até então desconhecida.

A conversa flui, as afinidades revelam-se. Almoçamos juntos. Risos, sorrisos, conversas, futuras parcerias são desenhadas, com primaveril naturalidade. E ali, inicia-se uma amizade. O destino assim o fez: apresentou-me a Lia Reis.

Em sua obra, Lia Reis, em uma profusão de estilo e gênero, perpassa por muitos temas e nos deleita com a singeleza e delicadeza de suas palavras como em Recordações, quando se dá conta de que realizar sonhos ainda era um sonho seu:

“...Eu tinha esquecido os meus sonhos, na longa jornada.

Não os deixei no passado.

Inconscientemente carreguei-os comigo, alguns não realizados.”

E por entre as linhas de seus escritos, a poeta se solta e revela-se detrás de uma de suas mais vigorosas facetas: a de vovó coruja, apaixonada pelos netos. Talvez ela mesma seja um reflexo inconsciente de sua amada mãe, de O Legado da Vó Dita, ou de sua avó, de Milca, a vovozona. Não faltam amor, respeito e reverência. De personalidades fortes, dedicadas à família, ao trabalho, com garra e foco, são mulheres, sobretudo, corajosas. Como se vê:

“Tendo fé em Deus, coragem e meta

Se vence e se realiza tudo na vida.”

E resume ternamente o que é Ser vó: “É espalhar amor no presente esperando colheita futura...”

A poesia de Lia Reis é como ela própria: sonhadora, resistente, lúdica, persistente, que soube esperar pelo momento certo; que soube que A espera é necessária, parte do processo de amadurecimento,

“Mas se esquece que tudo depende da espera, do momento certo

Vai acabar; a espera vai acabar

O sonho vai realizar...”

Entretanto Lia não apenas sonha, concretiza seus sonhos através de uma Reviravolta,

“Mudar o quê?

Mudar tudo aquilo que te traz dor

Reconhecer que na vida vale a pena

Apenas uma coisa: ser feliz não importa como nem onde.”

Em seu eu-lírico transbordam esperança, sonho, força, desejo, amor, lembranças, dor, saudade, ora se percebe menina, ora mulher, entretanto, sempre se entrega à vida, em “momentos de certezas ou incertezas...” como uma grande Menina, mulher.

E assim, menina ou mulher, a poeta segue perseverante, encantando-nos, com seus versos, suas histórias repletas de ensinamentos, bondade, beleza, leveza e reflexões. Chega a flertar com Shakespeare e Freud, e “audaciosa” lhes questiona “Será que tudo isso Freud explicaria?”, “O que é ser?” Talvez, Lia, se surpreenda e ela mesma nos ofereça as respostas em seus textos magnificamente construídos para saciar nosso desejo de sermos felizes.

O amor e as palavras perfumam e machucam; se houvesse Empatia, o mundo seria melhor e poderíamos com mais sabedoria apreciar e desfrutar da Criação divina “perfeição incomparável”.

O que não falta em seu livro de estreia e em sua encantadora poesia é gratidão. E Lia Reis a reconhece em múltiplas dimensões: gratidão à vida, à Deus, às pessoas, aos amigos (Dolores, a flor). E gratidão gera gratidão, que a poeta percebe também nos olhos felizes e gratos de Clara e Lara, as top pets, texto recheado de carinho e amor.

E ali em Sorriso (sim, um sorriso com “S” maiúsculo em referência à sua cidade e ao sorriso maroto do gato Léo) lambendo os lábios em A ocasião faz o ladrão, também nós lambemos os beiços e nos deliciamos com outra faceta da poeta: o humor; o humor proveniente do cotidiano, do trivial, do prosaico, do inusitado. O humor mais genuíno, das histórias bem contadas.

Consciente de seu papel como professora/educadora e atenta às questões sociais, Lia Reis, preocupa-se em alertar-nos para os Conceitos e Preconceitos circulantes em nossa sociedade e também eleva sua voz poética e invoca nossa consciência para o Momento decisivo pelo qual o Brasil atravessa e espera “... resultados positivos...” para nossa “... Pátria de trabalhadores...”

Embevecido pela atmosfera onírica dos textos de Lia Reis, faço o convite a todos os leitores para deixarem-se envolver por “Uma Nova História” e desfrutarem da fresca sombra Ao pé da aceroleira, de pegarem uma gostosa carona na Dream com O velhinho da motinha, de conhecerem a encantadora Alicinha e o jardim secreto, de sentirem As estações do ano e admirarem o Arco-íris com toda a sua simbologia e embarcarem nas asas de tantas outras histórias fascinantes.

Professora de Sorriso largo, poeta, amiga, Menina mulher, Diva no divã, Lia Reis ouviu, sabiamente, os clamores internos de sua voz querendo ser ouvida, e oportunamente, como Filomena de A borboleta e a lagarta, soube que As metamorfoses da vida são necessárias para nos construirmos. Soube esperar pelo momento certo.

Se o que você mais quer da vida, Lia Reis, é voar, não espere mais, voe! Você está pronta! A rosa já desabrochou. Voe alto, com , Superando barreiras e presenteando-nos com uma belíssima obra, agraciando-nos com “Uma Nova História”.

Um grande e fraterno abraço. Sucesso!

Romeu Donatti

Sinop-MT, 22 de outubro de 2022.

Comentários

Parabéns à amiga e poetisa Lia Reis por sua obra. Parabéns ao amigo, poeta e professor Romeu Donatti por ter escrito tão perfeito prefácio que por certo abrilhantará tão fecunda obra!

Enoque Gabriel | 01/11/2022 ás 17:25 Responder Comentários

Querido amigo e poeta Romeu. Que prefácio belo, leve, encantador. Prefácio que valoriza a poetiza e sua obra e aguça nosso desejo para ler e reler. Se esse foi seu primeiro prefácio, lhe garanto que já chegou arrasandoooo. Parabéns pelo prefácio e à Lia, pela obra que com certeza irei ler.

Josivaldo Santos... | 01/11/2022 ás 20:53 Responder Comentários

Querido Romeu. Cada vez que leio me emociono com sua palavras. Adorável integração das palavras com os textos. Amei. Serei sempre grata.

Lia Reis | 02/11/2022 ás 10:42 Responder Comentários

Um lindo arranjo harmônico de palavras benditas! Parabéns aos escritores!

Rosilda vaz | 02/11/2022 ás 16:40 Responder Comentários

Amigo e poeta Enoque, muito obrigado pela habitual gentileza. Forte abraço.

Romeu Donatti | 22/11/2022 ás 18:07 Responder Comentários

Rosilda, fico feliz que tenha gostado. Muito obrigado pela apreciação. Abraço.

Romeu Donatti | 22/11/2022 ás 18:08 Responder Comentários

Lia Reis, minha amiga, fico imensamente feliz por ver-te trilhando tão bela caminhada literária. Um forte abraço.

Romeu Donatti | 22/11/2022 ás 18:09 Responder Comentários

Josivaldo, querido amigo e poeta, fico extremamente lisonjeado com suas palavras. Prefaciar uma obra é uma honra e ao mesmo tempo um grande desafio e, nesse caso, uma agradabilíssima responsabilidade. Muito obrigado pelo carinho. Um forte abraço.

Romeu Donatti | 22/11/2022 ás 18:13 Responder Comentários

Meus parabéns pelo lindo prefácio, uma brilhante viagem poética na obra maravilhosa de Lia Reis, palmas e mais palmas!

Edson Bento | 22/11/2022 ás 20:14 Responder Comentários

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