Eu vi um homem sem pernas,
Seu ofício era ser pedreiro,
Executava com destreza o seu trabalho,
Agilidade e força, como um guerreiro.
Eu vi um homem sem braços,
Seu instrumento de trabalho era um violão
Que, ao ser tocado com os dedos dos pés,
Enchia-nos a alma de emoção.
Eu vi uma moça admirável,
Que não tinha braços,
Pilotava um avião com seus pés,
Era muita determinação, sem qualquer embaraço.
Eu vi outra moça sem braços,
Dançava e girava o corpo seu,
Sua profissão: bailarina,
Muitos concursos ela venceu.
Eu vi um homem sem pernas nem braços,
Sua distinta virtude era ser valente,
Sua vida contada aos detalhes
Em palestras para adolescentes.
Eu vi e convivi com uma moça na cadeira de rodas,
Não reclamava do frio nem do calor,
Não chorava, não sorria, não falava,
Mas seus olhos irradiavam o amor.
Eu vi e convivi com um pequeno menino,
Que se rastejava pelo chão,
Suas pernas não lhe sustentavam,
Mas não deixava de ser feliz não.
Mas eu também vi
Pessoas com olhares estranhos:
Dó, compaixão e piedade,
Consternação de descomunal tamanho.
E eu também vi pessoas,
Nos seus olhares marcados,
Além do sentimento de enternecimento,
O preconceito estampado.
E ainda vi seres humanos
Apontando seus dedos debochados,
Achando-se perfeitos e superiores aos outros,
Falando de modo ironizado.
Quão felicidade em sermos todos diferentes,
Ninguém é igual a ninguém,
E isso é tão maravilhoso
Mas existe aí um porém...
Que aprendi em minha vida
E também meus olhos puderam enxergar,
O preconceito está no coração das pessoas
Que se revela através do seu olhar.
Comentários
Belo poema! São reflexões para utilizarmos no dia a dia!
Enoque Gabriel | 07/03/2023 ás 07:36 Responder Comentários