PRAZER EU ENCONTRO NUM BOM CHIMARRÃO (publicado na obra Antologia de Escritores Contemporâneos- Josivaldo Santos & Convidados, 2022 - Ações Literárias Editora)
Cordel | Josivaldo Constantino dos SantosPublicado em 26 de Agosto de 2022 ás 22h 44min
PRAZER EU ENCONTRO NUM BOM CHIMARRÃO
Eu não sou gaúcho, sou bem nordestino
Mas, bela cultura sei apreciar
O sul do país aprendi amar
Pois fui educado desde pequenino
Me lembro o tempo em que era menino
Ouvi Teixeirinha com admiração
Toquei suas músicas com meu violão
Depois fui crescendo, homem me tornei
A essa cultura, eu me integrei
E prazer eu encontro num bom chimarrão.
Em mil novecentos e oitenta e um
A primeira vez que “chima” eu tomei
Por esse amargor eu me encantei
Não fico sem erva em momento algum
Não ligo pra crítica, nem pra zum zum zum
Daqueles que falam abrindo o bocão
Que essa cultura não é minha, não
Mas digo pra eles sem titubear
Que esse costume eu não vou deixar
Pois prazer eu encontro num bom chimarrão.
Ganhei uma cuia, quando adolescente
Dezessete anos, na época eu tinha
Minha cuia era muito bonitinha
A bomba e a erva, completam o presente
Confesso, fique bastante contente
Se encheu de alegria o meu coração
Fiquei radiante de satisfação
Minha erva mate, passei a sorver
Pra quem perguntava, passei a dizer
Prazer eu encontro num bom chimarrão.
Com cinquenta e oito anos de idade
Levanto contente ao amanhecer
Preparo meu mate com muito prazer
E sorvo tranquilo, com suavidade
Na bomba e na cuia tem uma verdade
Que o mate é bom pro jovem e ancião
O sabor da erva é como canção
Que soa harmônica ao ser degustada
Eu digo pra todos com a voz embargada
Prazer eu encontro num bom chimarrão.
Quando estou feliz eu vou matear
Mas quando estou triste, mateio também
Mateio sozinho ou com mais alguém
Prefiro um amigo pra me acompanhar
O charme do mate é a gente passar
A cuia quentinha, já de mão em mão
A prosa rolando com muita emoção
O bem permanece, o mal vai embora
Na roda de chima, amizade vigora
E prazer eu encontro num bom chimarrão.
Depois do trabalho pra casa eu volto
Pensando no mate que vou preparar
Uma boa pipoca eu vou estourar
Na minha cadeira, mateando me solto
Se estou sozinho eu pouco me importo
Não penso em tristeza ou em decepção
Com o mate eu espanto qualquer solidão
Esqueço o cansaço aqui da UNEMAT
Curtindo a delícia que é o meu mate
Prazer eu encontro num bom chimarrão.
(UNEMAT: Universidade do Estado de Mato Grosso, onde trabalho)
Comentários
Amei! Viva!
Sô | 26/08/2022 ás 23:02 Responder ComentáriosFiquei encantada nem sabia deste gosto amargo que nós faz tanto bem. Viva a erva mate nativa do sul do país ??????????????????
Marlete | 26/08/2022 ás 23:14 Responder ComentáriosEita chimarrão arretado só...Que lindo Josivaldo!!
| 26/08/2022 ás 23:38 Responder ComentáriosNordestino raiz e um bom chimarrão sulista. Eita mistura boa!!!
| 27/08/2022 ás 00:01 Responder ComentáriosSabor gauderio de fato!! Bom chima e Boa prosa!
| 27/08/2022 ás 00:14 Responder Comentários"O sabor da erva é como canção, que soa harmônica ao ser degustada..." Consegues extrair e expressas tão bem, caro amigo Josivaldo, o que subjaz a esta prática tão corriqueira, cheia de beleza e significado. Além de tudo, a cuia do chimarrão, é um simbolo de comunhão, força de agregação e compartilhamento.
Silvio Antônio Bedin | 27/08/2022 ás 05:38 Responder Comentários“Prazer eu encontro num bom chimarrão”, aquele quentinho que aquece a mão daquele que recebe e faz comunhão “Prazer eu encontro num bom chimarrão”, aquele que aquece o meu coração e transmite o mesmo calor passado de não em mão “Prazer eu encontro” em receber lindos versos vindos do teu coração com um pedido de não guardar só pra mim não Amo você e a amizade que nutrimos ao longo desses 27 anos! Parabéns!
Jaqueline Pasuch | 27/08/2022 ás 07:20 Responder ComentáriosQue lindo professor. Parabéns! Pelo lindo versejar .
Dolores Flor | 27/08/2022 ás 07:51 Responder ComentáriosParabéns pelo poema e pela propagação da cultura gaúcha pelo Brasil afora!
Enoque Gabriel | 27/08/2022 ás 11:52 Responder Comentários