Porque Morro de Saudade
Cordel | 2023/1 - Antologia Encantos Poéticos | Cairo PereiraPublicado em 25 de Janeiro de 2023 ás 17h 14min
Hoje o meu peito lateja,
Anela a sua presença,
Quer abraço, por sentença,
Sua boca que me beija;
Hoje o meu peito deseja
Sentir toda a caridade
De Branca, minha deidade,
Que perpetua em meu peito.
Esquecê-la? Não tem jeito,
Porque morro de saudade!
Pego-me às vezes pensando
Em Branca dando carinho,
Afagando-me no ninho,
Sorrindo de quando em quando,
E ao pegar-me meditando
Em momentos de alegria
Que tivemos noutro dia
Chega me dói de verdade,
Porque morro de saudade,
Esperança e nostalgia.
O beijo terno de Branca
Tem o fogo da paixão,
Tem amor, muita emoção
E minha lágrima estanca,
Seu abraço sempre arranca
Do meu peito a vã tristeza...
Branca é a formosa princesa,
Porque morro de saudade,
Quero pela eternidade,
Dando-lhe minha presteza.
Muito tempo não a vejo,
Muito tempo não a sinto
E sofrer - ora não minto!...
Não é bem o que desejo!
Quero dar-lhe o meu cortejo
Com toda sinceridade,
Porque morro de saudade
Ao pensar nessa pequena
Formosa flor de açucena
Que ainda é minha metade!
Em outro dia eu sonhei
Com Branca bem ao meu lado:
Nós sorrimos um bocado
E me senti feito um rei,
Contudo, quando acordei,
Porque morro de saudade:
Que pura calamidade!
Ela não 'stava comigo,
Como é duro este castigo!...
Tenha Deus, ó piedade!
Passa a minha mocidade,
Dois lustros já se passaram
E as memórias perduraram,
Não têm efemeridade,
Porque morro de saudade
E o meu amor é latente,
Digo a todos, sorridente
Que tive uma só paixão:
Esta é Branca, a inspiração
De eu ser vate intensamente.
Tamanha ferocidade
É a dor que no peito sinto,
Mais forte do que absinto,
Porque morro de saudade,
Digo sem temeridade
Do que sinto, almejo e tenho,
Porque sendo duro o engenho
Dá o açúcar pra adoçar
Té o que não é salutar
E nesta fé que eu me empenho.
Oh, se Branca, porventura
Quisesse, por sobriedade,
Porque morro de saudade,
Dar a mim sua ternura,
Seu sorriso de ventura,
Confiança do seu ser...
Iria lutar pra ter
Essa diva além do sonho,
Isso é o que sempre proponho
Para nós neste viver.
Oh, Branca, minha querida,
Porque morro de saudade,
Dá-me sua caridade
Que eu lhe dou a minha vida,
Não lhe darei despedida,
Mas o que puder darei,
Faço disso a minha lei,
A coisa mais importante,
Seja amiga, amor, amante,
Porque nunca lhe troquei.
Porque morro de saudade
Fiz este cordel singelo,
Pois só Branca que eu anelo
Para ser minha metade.
Prometo-lhe lealdade,
Companheirismo na dor,
Ser aluno, professor,
Mas sem sair do seu lado
Se aceitar serei alado,
Dando todo o meu amor!
Cairo Pereira
Comentários
Muito bom, muito bem construído!
ENOQUE GABRIEL | 25/01/2023 ás 19:32 Responder ComentáriosTexto maravilhoso, Cairo!!!
Will Guará | 27/01/2023 ás 21:56 Responder ComentáriosQue belas décimas apaixonadas. Muito bem metrificadas e envolventes. Parabéns poeta.
Josivaldo Constantino dos Santos | 03/06/2023 ás 12:34 Responder Comentários