Poeta, como entendê-lo?

“O poeta é um fingidor/

finge tão completamente/     

que chega a fingir que é dor/

a dor que deveras sente”      

Fernando Pessoa

            Todos entendemos que o poeta Fernando Pessoa não diz estas belas palavras no sentido literal, do contrário estaria chamando o poeta (quando me refiro a poeta não faço distinção de gênero, portanto trata-se da poetisa, também) e a si próprio de desonesto, enrolador, mentiroso, manuseador de sentimentos, e outros predicados pejorativos. O que então nos cabe entender de quem se presta a conceber poesias? Devemos entender que o poeta degusta e saboreia os pequenos detalhes da beleza e da tristeza do mundo ao seu redor e nos revela esse encantamento através da manifestação de uma erudição revestida  de um “eu próprio” o que chamamos de “eu lírico”!

            O poeta é, acima de tudo um ser emotivo. É através desse sentimento que advém a inspiração, mas, como é um ser que busca a perfeição, embora nem sempre consiga posto o mortal que é, procura doar a essa inspiração, a sua alma, o que também chamamos de  transpiração e a apresenta numa vitrine, tão bela em sua transparência!

            O poeta não pertence a si. Ele pertence ao mundo. As dores e os prazeres que sente como ser humano que é, o incomodam, alegram, machucam, mas o que  incendeia seu coração são as dores e os sentimentos do mundo!

            O poeta quando fala de si próprio mediante palavras exprimindo emoções, sentimentos e sensações opera grande confusão em nossas mentes, na mente do seu interlocutor. É importante esclarecer que está falando do que está sentindo, não precisamente da sua vida privada, mas daquilo que está ao derredor que, com toda certeza, o atinge!

            O poeta é um comunicador no sentido literal, usando toda sua inteligência, todo o seu saber da linguística, com toda a beleza que o vernáculo pode oferecer, utilizando as mais variadas formas de figuras retóricas, como as metáforas, metonímias e demais figuras de estilo, para revestir e embelezar sua peça e a entregar ao público-alvo como se fora uma joia embrulhada para presente!

            Enfim, sem medo de errar eu afirmo que o poeta é a expressão da emoção num misto de busca da beleza do seu discurso e nessa busca se reveste de inusitado encanto, então surge a expressão máxima de sua produção intelectual, o poema que é a utilização da  palavra como se fora uma bela dama perfumada,  preparada para festa!