Poema de Um Rei

Divina e humana! Olímpica e singela!

A mais real história, verdade é,

um sonho até parece de tão bela!

Legenda de uma pobre manjedoura,

que ao receber o corpo do Menino,

fulgia na terra como um astro

e foi ali que nasceu o Príncipe Divino!

Legenda de sublime astro, brilhante estrela

que aos pastores ofuscou com seu fulgor!

Eis que um anjo apareceu anunciando:

“é chegado o Messias: Nasceu o Salvador!”

Legenda de divina e reluzente estrela

que conduzira os reis magos ao Messias!

Ao Menino ofertaram ouro incenso e mirra

e, do oriente, as mais finas especiarias!

Não foi numa mansão ou em palácio dourado

que a aurora de Sua Majestade rompeu!

Seu berço real não teve seda, cetim ou renda,

tão pobrezinho o Reizinho nasceu!

Entre animais na estrebaria,

gado, cavalos, porcos e carneiros!

Sob o desvelo de José e Maria,

dormia com eles de Deus o Cordeiro!

Não fora pouca a triste sina,

surgiu da Judéia, Herodes, o rei, o dono!

Mandou matar meninos até dois anos de idade

para que ninguém lhe usurpasse o trono!

Para o Egito fugir, assim ordenou o anjo,

ali, com José, Maria e Seus irmãos vivera,

até o dia em que o mesmo anjo trouxe a notícia:

“Voltem, pois em extrema agonia Herodes morrera!”

Legenda de um Nazareno jovem

que aos doze anos de seus pais se perdeu!

Encontrado, foi, no templo ensinando,

aos sacerdotes – doutores da lei, lição lhes deu!

Legenda azul de um Mestre cujo Verbo,

inicia seu mister nas águas do Jordão!

Como pomba, o Espírito Santo sobre Ele pousara,

“Eis o Cordeiro de Deus!” Em alta voz bradou João!

O povo que começa a acompanhá-Lo,

de repente se transforma em multidão!

Sinais e milagres surgem como a água em vinho,

aplacando a fome, de pães e peixes a multiplicação!

Dentre os seguidores doze Ele escolhera,

transformados os chamou “apóstolos Meus”!

Tudo quanto necessário lhes ensinara

em Seu nome, poder lhes deu, igual aos Seus!

A escritura diz que os fariseus

dEle zombavam, debochavam escarneciam,

pois não acreditavam que era o Cristo,

esperavam um libertador, outro Messias!

Os judeus viviam como escravos

sob o jugo do Império Romano!

Esperavam por alguém que os resgatassem

desse pesadelo cruel, histórico e desumano!

Legenda de uma mansa Galileia

em cujo mar, sobre suas águas andou!

Expulsou demônios, curou leprosos,

trouxe o perdão e a tempestade acalmou!

A festa acontece na cidade. Era a Pascoa,

multidões de longe, muito longe, vem!

Ele resolveu com Seus discípulos,

ir também à Pascoa, em Jerusalém!

Eis que dentre a multidão surge o Mestre,

aclamado é como verdadeiro Rei!

Forraram as ruas de tapetes finos? Não!

De folhas de palmeiras verdes era o tapete Seu!

“Eis que vem o Rei, Hosanas! Hosanas,”

em altas vozes, todos O aclamando vinham!

Era numa carruagem de ouro e prata? Não!

O Mestre cavalgava um pobre jumentinho!

Isso, ainda mais, irritou os sacerdotes,

guardiões da lei, a elite do povo, os fariseus!

Exigiam sua prisão por blasfêmia por heresia,

ele que dizia ser o Rei, o Filho de Deus!

Verbo Divino, que missão sublime,

ensinando a amar, com sinais e alegria!

Cegos, leprosos, coxos, mancos, velhos e crianças,

suas parábolas, lições de amor, a todos concedia!

Para cear com os discípulos, senta-se à mesa,

sofreria por um deles traição, destemperança!

Partiu o pão – Sua carne. O vinho – Seu sangue!

Sua ordem: “Tomai, comei, guardai feliz lembrança!”

Ao monte das Oliveiras, para orar ao Pai, subiu

eis que de repente a ordem de prisão algoz!

Levado foi como um cordeiro mudo,

sem contrariar, não ergueu Sua voz!

Foi julgado, sem crime haver praticado,

foi condenado pelos pecados que cometi!

Carregou em Seus ombros a maldade do mundo,

o cálice amargo bebeu. Foi também por ti!

Na cruz morreu o Rei. Crucificado!

Na manhã do terceiro dia, da morte ressurgiu!

Encontrou-se, logo após, com os discípulos amados,

e, em seguida, em glória majestosa, aos céus subiu!

Hoje rememoramos Sua bela história,

ela renova nossa esperança até

sermos perdoados por Seu sacrifício!

Ele é a Rocha, fundamento da nossa fé!

Disse, sim, que voltará em breve, um dia,

que para os féis fez mansões nos céus!

Que nos levará às moradas eternas,

        com Ele viveremos, com o Eterno Deus!

Apêndice:

“Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá e dará à luz a um filho, cujo nome será Emanuel.” Isaias 7:14

“O povo que andava em trevas viu uma grande luz e sobre os que habitavam a região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Isaias, 9:2

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu e o principado está sobre seus ombros. Seu nome será Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.” Isaias, 9:6

“Era desprezado e o mais indigno entre os homens. Homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto. Era desprezado e não fizemos dEle caso algum.”

“Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas inquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Isaias, 53: 3 a 5

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós! Sua glória foi vista como a do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” João 1;14

Poema do poeta Enoque Gabriel (Égamo), in memoriam de José Gabriel de Moraes, seu pai.

Da obra “No Toque Perfumado de uma Flor”                                                                                                                    Editora Ações Literárias, 2022