Certa vez, no ginásio, meu professor de História nos apresentou o poema A rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes. Amo as rosas, principalmente as vermelhas. Pensei comigo: "Por que vamos falar das rosas na aula de História?"

Na ocasião, aprendi sobre a triste e estúpida rosa de Hiroshima, que não era perfumada, muito menos bela. Mas era a rosa radioativa, a rosa da morte, a rosa-bomba atômica disparada contra Hiroshima e Nagasaki, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

Quanta tristeza senti naquela aula! Foi um misto de dor, revolta, incompreensão.

Descobri que aquela rosa não se parecia em nada com as que eu amava, aquelas que minha mãe cultivava no seu jardim e que, muitas vezes, ofereci de presente a alguém expressando carinho e afeto.

Aquela rosa-bomba deixou pessoas cegas, surdas, inválidas e outras tantas mortas. E o pior disso tudo. Ela foi a protagonista de inúmeras sequelas na população, nas gerações futuras e na alma dos seres humanos.

Hoje, muitos anos depois daquela aula de História, quando a idade já me vem avançando, amanheci com o bombardeio da Rússia contra a Ucrânia.

DIA 24 DE FEVEREIRO DE 2022.

Nos noticiários, muitas palavras assustadoras, sinistras e apreensivas: invasão, confrontos, destroços, mísseis, ataques, destruição, cenário de guerra, bomba.

Bomba. Bomba. Rebombando em minha mente.

O medo permeou o meu mundo, o nosso mundo.

Divago esperançosa de que isso acabe logo. Ou não. Talvez. E me vem a triste lembrança de Vinicius de Moraes, A rosa de Hiroshima.

Aquela aula de História revive em minha memória. Tanta tragédia, tanta maldade, tanta destruição. Será que isso tudo irá se repetir? Será mais difícil do que há 77 anos atrás, porque hoje o arsenal bélico é bem mais potente?

O mundo é tão bonito! Entretanto amanheceu triste e choroso.

Por que os homens fazem guerra?

Por que os homens não plantam rosas?