Eva era uma adolescente pobre, muito pobre.

Sua infância foi ao lado do pai Pedro, da mãe Maria e dos nove irmãos. Com os pais aprendeu a obediência, a responsabilidade, a educação. Junto dos irmãos, todos eles mais velhos do que ela, compreendeu o sentido de partilha, de amor e de preocupação com o próximo.

 

Desde muito cedo Eva já trabalhava. Com os irmãos e os pais, no pequeno roçado que a família cuidava, passou sua infância lidando com as plantas, feijão, milho, arroz, batata, e zelando de alguns poucos animais que eles mantinham, galinhas, porcos, ovelhas, uma vaquinha. Ajudava nos trabalhos da roça e também nos afazeres de casa, como toda garota adolescente de sua época.

 

Em família, aprendeu a dar valor às pequenas coisas, a amar os animais e a trabalhar em grupo.

 

Apesar de todas as dificuldades financeiras, Eva nunca deixou de estudar e era incentivada principalmente pela mãe Maria. Frequentava escola pública, só tinha um uniforme, que já fora dos irmãos mais velhos e, quanto aos livros didáticos que precisava para estudar e naquele período eram comprados, utilizava os que ganhava dos outros.

 

Na escola, muitos professores, e bons professores. Eva admirava a todos, pois eram inteligentes, educados e atenciosos. Com eles aprendeu que o conhecimento dignifica as pessoas.

 

Escola é local de conhecer novas pessoas e lá a garota fez inúmeras amizades, dentre elas Joana, Tatiane, Dulce. Dulce a mais doce, divertida e animada, com quem aprendeu o verdadeiro valor de uma amizade.

 

Com o passar do tempo, Eva sentia cada vez mais e mais brotar dentro de si um grande sonho, o de ser professora. Para ela ainda um sonho distante, impossível para quem não tinha dinheiro nem para comprar um livro e nem um bom uniforme escolar.

 

Quando chegou ao Ensino Médio, um inusitado acontecimento pegou Eva de surpresa: a garota ganhara uma bolsa de estudos em uma escola particular de Ensino Médio com magistério, devido às excelentes notas do Ensino Fundamental.

 

Mas Eva era pobre e não tinha dinheiro para pagar o ônibus que levava os estudantes até a escola. Naquele tempo, não havia transporte escolar gratuito.

 

Dona Rosa, que era a diretora da escola de Ensino Médio, soube da impossibilidade de Eva estudar por causa do transporte e conseguiu um emprego de babá, na casa de Dona Suzana, mulher rica e que morava muito próximo à escola.

 

Com o gesto de Dona Rosa, Eva aprendeu que a solidariedade é um ato de amor ao próximo.

 

A adolescente então agarrou a oportunidade com unhas e dentes. Estudava pela parte da manhã, cuidava dos dois filhos de Suzana no período da tarde, à noite, nos fins de semana e feriados. Não ganhava salário por isso, mas em troca morava perto da escola e lutava por seu grande sonho.

 

Na casa de Dona Suzana, Eva ficou três anos e meio. Concluiu o magistério e mais o período de estágio. Com sua primeira patroa, aprendeu que há pessoas ricas que sabem ser humildes e fraternas.

 

Eva então saiu da escola, saiu de casa e foi em busca de trabalho.

Passados os anos, a adolescente pobre transformou-se em uma mulher forte, corajosa, decidida. Trabalhou, trabalhou, casou, foi mãe, entretanto nunca deixou de estudar. Quando já conseguia pagar seus próprios estudos, fez graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

 

Do amor pela profissão, Eva conseguiu muito mais do que havia sonhado. Do ensinamento de todos aqueles com quem ela conviveu, aprendeu que todos podem conquistar aquilo que desejam, aprendeu que sempre precisamos uns dos outros, aprendeu que na vida sempre haverá pessoas boas ao nosso lado.

 

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