Foram nove anos de relacionamento, mas acabou. 

No começo não entendia porque as coisas terminavam assim tão inopinadamente, agora que eu estava começando a entendê-la melhor e até fazia planos para o futuro. 

Fiquei um ano inteiro deprimido com sua partida, sem sair de casa, sem me divertir com os amigos, meus estudos ficaram prejudicados ao ponto de eu não obter notas suficientes para ser promovido naquele ano. 

Lembro que ela ouvia música o dia inteiro (eu gosto de ouvir música até trabalhando acho que aprendi com ela... rs) e logo após sua partida, ao ouvi-las eu chorava copiosamente. 

Aliás, tudo que me fazia lembrá-la, me fazia chorar (às vezes ainda faz) e até sonhava com ela e tinha a ilusão de ver seu vulto dentro de casa. Até na rua por vezes procurava e tinha, por segundos, a impressão de ver seu rosto em outras mulheres. Era o desejo de continuar acreditando que tudo não passava de um pesadelo e que eu estava acordando para a realidade de que nada havia mudado. Até hoje acho muito injusto tudo acabar assim tão de repente, tão rápido, mesmo com todo entendimento que agora tenho sobre o assunto. 

Como era bom ouvir sua voz, amiga de verdade, meiga, carinhosa, cuidadosa... Ouvir sua voz a me chamar era a música mais agradável aos meus ouvidos. Nunca tivemos uma briga sequer, nenhuma discussão, seu falar era doce e suave, ela fazia o que podia para me ver bem, para ver o sorriso estampado em meu rosto e, por vezes, enxugava minhas lágrimas. Muitas vezes adormeci em seu embalo e suas cantigas acalentaram meus sonhos e meu coração. 

Em pouco tempo de convivência (apenas nove anos), antes de sua partida para a eternidade, deu pra ter a certeza de que nunca nenhuma pessoa me amou tanto assim, certeza de que nenhuma pessoa nunca, jamais, conseguirá substituí-la. 

Ah... quantas saudades de você... mãe!