PÃO E PALAVRA

Poemas | Antologia Enoque Gabriel de Moraes e Convidados - Pétalas da alma | Adelson Teles Pinto
Publicado em 09 de Junho de 2024 ás 21h 42min

PÃO E PALAVRA

 

Percorro estradas sem correr no tempo

As avenidas surgem aglomeradas de estranhos rostos

De pedintes, pedindo socorro

Em cada encruzilhada da avenida

Vejo o mal nascer de novo.

 

Do meu rosto pétreo rolam lágrimas

Que caem silenciosas no chão

Abrindo a terra, regando a semente

De uma nova ilusão.

 

O tempo passa, passa o cão

Pedintes pedem perdão

Mãos erguidas pedindo pão

Pão da Palavra, pão misericórdia

Pão da barriga, pão salvação.

 

De rostos rotos rolam lágrimas

Amargas e sem chão

O suor do corpo pede socorro

A lágrima do pedinte vira ouro

E vai se abrigar no lodoso chão

Das avenidas aglomeradas

De caras e máscaras estranhas

Que estendem as frias mãos

Com a voz em couro

Pedindo socorro

Pedindo amor

E ouvindo “não”.

 

Pedindo mãos para enxugar o rosto

Para encher a barriga de pão

Pedindo sim para viver a vida

Suplicando amor para vencer a ilusão...

De querer Amor!

De querer Pão!

 

Adelson Poeta Pinto

Potiraguá, 15/12/1991 e 19/06/2008.

Comentários

Que poema mais cativante, pois traz um enredo social e filosófico. Muito bem elaborado e de uma reflexão profunda. Poeta, só posso lhe dar meus parabéns!

Lorde Égamo | 09/06/2024 ás 21:58 Responder Comentários
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