Os versos que não usei

O que fazer com os versos que não usei?

Pensei em um acróstico, combinado, cheio de dizeres arredondados, com base em uma palavra de ordem.

Desisti na hora. Um cordel, com um fole ao fundo, com um rimado profundo, seria de melhor sorte.

Na dúvida, escrevo aldravias, com palavras harmoniosas, aparentemente sem sentido, deixando a cargo da subjetividade. 

Mas a proza é um bom gênero, uma conversa informal, com começo e final e cheia de criatividade.

O que fazer com os versos que não usei? 

Quem sabe um soneto perfeito, com meta linguagem forçada, com quartetos e tercetos.

Ou várias trovas, redondilhadas e quadras, dialogando com as linhas, com muito apreço.

Quem sabe um conto, bem contado, com princesa e príncipe encantado, tipo dos irmãos Grimm.

Com enredo, altos e baixos, gnomos, bruxas, começo, meio e fim.

Mas afinal, o que fazer com os versos que não usei?

Haikais, nanocontos, crônica ou até um copilado de palavras, formando uma linda carta.

Acho que já sei o que fazer, 

Escreverei um poema, com dez estrofes, rebuscado, e extremo.

E pedirei ao amigo pombo correio, para entregar a minha amada, para romantizar esse lindo momento.

ADAILTON LIMA